17 de outubro de 2022

Caixa ajuda Bolsonaro no 2º turno com medidas para mulheres e mais pobres

Autor: Redação

Do Jota – Sem poder adotar novas medidas de impacto como o aumento do Auxílio Brasil, a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) neste segundo turno tem tido uma boa ajuda da Caixa Econômica Federal.

Desde que as urnas foram fechadas em 2 de outubro, já foram três grandes anúncios: um programa de renegociação de dívidas que já realizou 41 mil transações e um volume renegociado de R$ 78 milhões; o consignado do Auxílio Brasil, que em apenas três dias úteis já colocou na mão de 700 mil beneficiários do programa social R$ 1,8 bilhão; e nesta segunda-feira a mais nova iniciativa foi o lançamento de um programa de crédito de R$ 1 bilhão, com mira em um milhão de mulheres empreendedoras em uma corrida para formalizar esse público em um mês.

O foco da atuação recente da instituição federal nas últimas semanas tem sido exatamente nos dois pontos fracos de Bolsonaro no período eleitoral: a população mais pobre (beneficiária de programas sociais) e as mulheres.

O anúncio feito hoje pela presidente da Caixa, Daniella Marques, ex-auxiliar do ministro da Economia, Paulo Guedes, e pessoa de confiança do presidente Jair Bolsonaro, teve lances curiosos. A imprensa foi impedida de acompanhar a cerimônia, que teve também a presença da ministra da Mulher e Direitos Humanos, Cristiane Britto, mas Daniella fez questão de na entrevista coletiva listar um grande inventário das ações tomadas pela Caixa em sua gestão, que tem três meses, antes de ouvir as perguntas dos jornalistas — aliás, a transmissão do banco se encerrou assim que ela fez sua fala inicial, sem exibir os questionamentos dos jornalistas.

Questionada se o banco não poderia esperar o segundo turno para depois tomar essas medidas, Daniella disse que tem “autonomia técnica” para agir e que as ações da instituição estão ocorrendo normalmente, com o momento do anúncio tendo muito mais a ver com o fato de ela estar há pouco tempo no comando da instituição.

Não se esperaria uma resposta muito diferente. Não é a primeira vez que o banco federal é usado como braço para reforçar programas sociais do governo e tomar medidas com potencial impacto eleitoral. Mas o fato é que a coincidência do ativismo da Caixa com o segundo turno eleitoral, reforçado pelo público alvo das ações, chama muita atenção. A ver a postura dos órgãos de controle.