7 de outubro de 2023

Arena das Dunas recebe cobrança de R$ 82 mi de dívida por IPTU e aciona Justiça para não pagar

Autor: Redação

Do G1 - A empresa concessionária da Arena das Dunas e a Prefeitura de Natal travam há alguns meses uma batalha judicial sobre o direito ou não da cobrança do IPTU e da Taxa do Lixo sobre o estádio, que foi inaugurado em 2014 na capital potiguar.

No ano passado, a prefeitura de Natal decidiu cobrar o pagamento do imposto, de forma retroativa, referente ao período entre 2014 e 2022, o que totalizou um valor de aproximadamente R$ 82 milhões. Por conta da cobrança, esse crédito entrou na Dívida Ativa e a Arena passou, oficialmente, a dever ao Município.

A Arena das Dunas S/A então, entrou na Justiça com uma ação para anular o débito fiscal, e recebeu decisão favorável em março. Na ação, a Arena alegou que possui "imunidade tributária recíproca", que deteve a concessão do espaço em uma parceria público-privado e que o equipamento é um "serviço público". Além disso, disse que a dívida comprometeria o funcionamento do complexo (veja mais abaixo).

 

O Município, no entanto, cobra o IPTU por entender que a Arena das Dunas é, atualmente, um equipamento privado e que exerce atividades de exploração econômica.

 

"A própria população natalense sabe que ali é um serviço eminentemente privado, de exploração econômica. Empresas estão saindo do shopping e indo para a Arena das Dunas. Então a exploração econômica ali está nítida, é um serviço privado. Razão pela qual a gente não pode diferenciar a Arena das Dunas de um outro privado", explicou o procurador-geral de Natal, Thiago Tavares.

 

A prefeitura recorreu em segunda instância da ação da Arena e teve, dessa vez, decisão favorável. O processo continua em trâmite.

 

O que diz a Arena das Dunas

 

Em nota, a a Arena das Dunas disse que a cobrança desse tributo "está fora de suas hipóteses de incidência" e que, "na defesa dos seus interesses, busca ver reconhecida essa compreensão junto ao Poder Judiciário" (veja nota completa no fim).

A concessionária destacou ainda que o Município de São Gonçalo do Amarante "efetuou lançamento semelhante em desfavor da concessionária responsável pela operação do Aeroporto Internacional Aluízio Alves" e que a "cobrança foi combatida com êxito no Poder Judiciário pela empresa, contando inclusive com decisão do Supremo Tribunal Federal".

 

A Arena disse também que "respeita suas obrigações tributárias e figura dentre os maiores contribuintes do Município de Natal", e que "sua pretensão, em relação ao IPTU, resume-se a combater a má interpretação que a Fazenda Municipal deu ao tema, ao exigir-lhe o imposto".

 

Valores do IPTU

 

Os valores do IPTU cobrados pela prefeitura à Arena das Dunas somam mais de R$ 82 milhões:

 

  • 2014 a 2018 - R$ 32.109.754,92;
  • 2019 - R$ 14.986.537,66;
  • 2020 - R$ 13.468.777,40;
  • 2021 - R$ 12.106.709,86;
  • 2022 - R$ R$ 10.042.703,34.

 

"O próprio Fisco avalia os imóveis que ali estão e a área em que está para então fazer a cobrança do valor. Esses quase R$ 83 milhões são referentes a 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022. Então, são muitos anos de omissão da Arena das Dunas, razão pela qual o montante se tornou considerável", avaliou o procurador-geral de Natal, Thiago Tavares.

O procurador explicou que, caso a Arena das Dunas não pague a dívida, pode ser pedido o bloqueio do repasse mensal feito pelo governo do RN. Apesar disso, disse que o Município está disposto a negociar um parcelamento da dívida.

"Na ação foi comprovada que a própria contabilidade da Arena já contingenciou como perda provável essa ação para justamente fazer o pagamento do IPTU e da Taxa do Lixo", explicou o procurador.

"O que a gente quer é que a Arena [pague o IPTU], por explorar uma atividade econômica privada. Veja que tem vários escritórios, lojas, comércio. Veja que quando se faz um show lá, tudo é pago. O próprio Município de Natal, quando faz um evento, tem que pagar pelo uso do espaço, então não é serviço público, é um espaço privado", reforçou.

 

Arena alega atividade de 'interesse público'

 

A Arena das Dunas foi construída através de uma concessão administrativa, em uma parceria público-privado, com início em 2011. O então grupo OAS (atual grupo METHA) conquistou, em licitação, o direito de construir e gerir a Arena das Dunas por 20 anos no local onde ficavam o estádio Machadão e o ginásio Machadinho, que pertenciam ao governo do RN e que foram demolidos também nesse contrato.

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