18 de outubro de 2023

Alunos denunciam professor da Unicentro por assédio sexual; instituição determina sindicância e afastamento

Autor: Cecília Marinho

Segundo denúncia, professor fez comentários com teor sexual, presencialmente e nas redes sociais. Ele disse não saber do teor da denúncia e não ter sido comunicado oficialmente do processo.

 

Dois alunos da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em Guarapuava, na região central do Paraná, denunciaram formalmente um professor do Departamento de Comunicação Social (Decs) por assédio sexual.

Na segunda-feira (16), a pedido da reitoria, a procuradoria jurídica da universidade determinou o afastamento do professor enquanto uma sindicância apura o caso. O início da investigação depende, agora, da formalização do grupo de trabalho em Diário Oficial. Leia mais abaixo.

g1 Paraná teve acesso ao processo. Além de assédio, a denúncia diz que o professor procurou os alunos para pedir indicação de local para comprar drogas.

Instituição determinou sindicância para apurar o caso na segunda-feira (16) — Foto: Divulgação

Instituição determinou sindicância para apurar o caso na segunda-feira (16) — Foto: Divulgação

O caso chegou à Ouvidoria da Unicentro após os estudantes formalizarem reclamação na Controladoria Geral do Estado (CGE), em 22 de setembro deste ano.

Conforme apurou o g1, o professor investigado começou a trabalhar na instituição no primeiro semestre de 2023 e tem remuneração bruta de R$ 9,3 mil.

Ao g1, o professor afirmou saber apenas da portaria que criou a Comissão de Sindicância e que o documento fala de assédio sem citar o nome do denunciado.

O professor disse que não recebeu nenhum comunicado oficial da universidade, que desconhece o teor da denúncia e que, portanto, não tem "elementos para elaborar manifestação".

Ao ter acesso ao processo, o g1 confirmou que a portaria trata do professor em questão.

 

'Crises de ansiedade'

 

Em um relato extenso, na denúncia os alunos citam situações em que dizem ter sido assediados, presencialmente e nas redes sociais.

Em um dos casos, o estudante conta que o professor o abordou em uma área da universidade e afirmou: “Me disseram para não te falar isso, mas você é o menino mais bonito do departamento”.

Em outra situação, o estudante afirmou que o professor respondeu a uma publicação dele no Instagram dizendo que o jovem “fica bonito de qualquer jeito”.

Com medo de como uma eventual resposta ao professor poderia ser interpretada, o aluno disse que preferiu parar de ir às aulas dele.

 

“Os comentários direcionados a mim fizeram com que se desencadeasse crises de ansiedade. Por não saber como reagir, e por medo de como uma reação minha pudesse ser recebida pelo professor, decidi parar de frequentar às aulas. [...] Confidenciei esses episódios apenas aos amigos mais próximos. A única aula que participei, foi para a apresentação de um seminário, pois não queria que minha falta afetasse minha nota", denuncia um dos alunos.

 

Veja abaixo trecho da denúncia à Controladoria:

 

Denúncias de alunos foram feitas à Controladoria Geral do Estado — Foto: Divulgação

Denúncias de alunos foram feitas à Controladoria Geral do Estado — Foto: Divulgação

Em nota, a Unicentro disse que a instituição, assim como a Comissão nomeada para sindicância, não se manifestará até que os fatos sejam apurados.

"Caso constarem a irregularidade por parte do professor, a instituição avaliará se emitirá alguma nota ou se apenas tomará as medidas legais cabíveis", diz a nota.

Comentários também foram feitos na frente de outras pessoas, segundo vítimas

A denúncia dos estudantes também cita situações em que o professor fez comentários inapropriados sobre os alunos na frente de outras pessoas.

Em um dos episódios denunciados, o estudante conta que, após deixar a sala de aula, o professor falou para todos ouvirem: “Como é bonito esse menino”.

Na mesma denúncia, outro estudante disse que foi assediado na frente de amigas.

Ele conta que estava em área aberta da universidade, quando o professor se aproximou e pediu um doce.

O jovem contou que ofereceu uma bala e recebeu como resposta: “Quem chupa halls preto gosta de chupar outras coisas e gosta de viver experiências intensas”.

Um dos estudantes também relatou que, no primeiro dia de aula, o professor questionou um grupo de alunos sobre onde ele poderia conseguir “um corre”, fazendo menção à droga.

 

Sindicância

 

Na última segunda-feira (16), a Unicentro determinou a instauração de uma Comissão de Sindicância para investigar o caso.

Conforme o documento, os trabalhos devem ser concluídos em 30 dias, a partir da instalação do grupo – os trabalhos começam a valer a partir da publicação do documento em Diário Oficial.

Nesta terça-feira (17), atendendo a pedido da reitoria da universidade, a Procuradoria Jurídica da Unicentro determinou, também, o afastamento cautelar do professor pelo mesmo período da sindicância.

 

Durante a investigação interna, segundo o despacho, o professor tem “assegurado o direito ao contraditório e a ampla defesa”.

Unicentro determinou afastamento do docente enquanto sindicância investigará o caso — Foto: Divulgação

Unicentro determinou afastamento do docente enquanto sindicância investigará o caso — Foto: Divulgação

 

Fonte: G1

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