20 de novembro de 2022

A dispersão dos atos golpistas em Natal já representa a deflagração da disputa pela prefeitura da cidade

Autor: Redação

Por qual razão o prefeito Álvaro Dias resiste tanto a produzir aquilo que é de sua responsabilidade, desobstruir os atos golpistas – e portanto criminosos – em Natal? Por qual ele lutou com todas as suas forças – e foi derrotado – contra a vitória de Lula, inclusive cometendo crimes ao organizar reuniões com o objetivo de assediar eleitores do petista? As eleições nacionais e a posterior celeuma em torno os protestos criminosos já representam a deflagração da disputa pela prefeitura do cidade que ocorrerá em 2024.

Sem a possibilidade de buscar a reeleição, mas querendo fazer o sucessor, Dias tentará manter a mesma estratégia empreendida em 2020 – guardar o núcleo duro ideológico de sua administração, os bairros nobres da zona sul e leste em que Jair Bolsonaro foi vitorioso em 2022, e avançar sobre o voto dos pobres, utilizando a máquina e se valendo do apoio de lideranças comunitárias, vereadores etc.

É preciso entender que há sim bolsonaristas que já aceitaram o resultado das urnas. Ainda assim, mesmos estes acham que o que ocorre ali em frente ao exército diz respeito ao direito à manifestação e não um crime em curso. Colado no bolsonarismo a partir de sua atuação contra os isolamentos sociais e pela adesão ao paraquedas furado da ivermectina/cloroquina, fazer o seu papel e desobstruir o ato golpista o colocaria em rota de colisão contra sua base ideológica.

E mais do que nunca Álvaro Dias depende dos grupos que distribuem simpatia pelo golpismo em Natal. Ele saiu derrotado de 2020 com as vitórias de Fátima, Lula e a votação recorde da deputada federal Natália Bonavides, que já expôs o desejo de disputar a prefeitura do Natal. Ao apoiar Rogério Marinho para o senado, que não terá o ministério do desenvolvimento regional e a codevasf para ajudá-lo a partir de 2023, também jogou Carlos Eduardo, outro potencial forte candidato, na oposição. Tal grupo virá com força suficiente para, depois de muitos anos, disputar para valer o executivo municipal. E se Álvaro não fizer sucessor, não terá condição de buscar outro mandato em 2026.

Não se engane, caro leitor. Quem sonha com o poder começa a agir muito cedo para viabilizar a sua competitividade e a classe política já se movimenta para tanto. Álvaro Dias já mostrou que é um amoral pragmático. Já fez cálculo eleitoral com a distribuição de remédio ineficaz numa crise de saúde pública, posicionando a cidade acima das estatísticas de mortes no RN e no Brasil, e está fazendo agora diante das ameaças contra a democracia. Ele sabe que a situação mudou e, se tiver de atuar adulando o golpismo em prol de sua sobrevivência, fará com sorriso no rosto. É o que verdadeiramente está em jogo.