14 de dezembro de 2022

Após uma década da #RevoltaDoBusão, serviço de transporte público de Natal chega ao fundo do poço

Autor: Redação

Escrevi este texto no início do ano. Segue atual.

Após uma década da #RevoltaDoBusão, serviço de transporte público de Natal chega ao fundo do poço

O transporte público de Natal chegou ao fundo do poço. Tudo concorre para o serviço não prestar – ausência de paradas cobertas numa cidade que tem período de chuvas torrenciais, poucas linhas, frota deteriorada, horários que não são respeitados, trajetos que mudam sem aviso, concessão pública sem controle. Nem sequer contrato existe.

O assunto não ganha centralidade principalmente porque os formadores de opinião da cidade e a sua classe social de origem e atuação não utilizam o serviço. Nem o empresariado que usa o transporte de forma indireta, além dos comerciantes que seriam beneficiados por uma melhor circulação de consumidores no município, se mobilizam. Deram de ombros.

Não é de se estranhar que o sistema tenha perdido usuários nos últimos anos. Se tem condições para tanto, comprar um carro, uma moto, andar de bicicleta ou passar a usar Uber vira algo central nos objetivos do cidadão. A pessoa acaba sacrificando outra área financeira de sua vida porque, sem a saída individual, a mobilidade desaparece.

Há pouco mais de uma década surgia a #RevoltaDoBusão em Natal. Movimento precursor das jornadas de junho, fez movimentações contra o serviço de transporte, contra a prefeita Micarla desde 2011 e não parou até 2013. Olhando em retrospectiva, o que o movimento conseguiu de concreto?

O fato é que a agenda (não o problema) desapareceu e o sistema de transporte público da cidade seguiu o caminho da degradação nos anos subsequentes.

Fala-se numa licitação do transporte para tudo resolver. É mais realista imaginar que trata-se de um passo importante para que o sistema tenha alguma regulação normativa. Mas, sem controle social, é pouco provável que a mudança se dê de maneira substantiva. Porque as empresas vão esticando a corda e, sem vigilância institucional, o fundo do poço torna a ser uma perspectiva concreta.

Enquanto a cidade do Natal não compreender que precisa participar ativamente do processo de construção e acompanhamento da política pública, é bem provável que tudo mude para ficar exatamente como se encontra.