20 de dezembro de 2022

Babá se mantém colado no bolsonarismo, não consulta prefeitos e coloca a FEMURN como neutra diante da perda de receita dos municípios

Autor: Redação

Rogério Marinho, Bolsonaro e Babá, representante do aparelhamento do bolsonarismo na FEMURN

Babá, prefeito de São Tomé e presidente da federação dos municípios do RN, alegou que manterá a FEMURN neutra diante do projeto que tramita na Assembleia sobre a compensação de perda do ICMS por dois anos (veja matéria da 98fm abaixo).

Ligado ao bolsonarismo e a oposição através de Rogério Marinho, Babá montou uma estratégia de pseudo consulta aos prefeitos para encaminhar sua decisão ideológica. Apesar de alegar que ocorreu uma reunião com prefeitos e que existiam favoráveis e contrários, o fato é que nenhuma votação, numa definição numérica efetivamente ocorreu.

A diretoria da FEMURN fez reunião com o seu grupo e assim encaminhou a posição. O cálculo foi o seguinte – a diretoria estabelece a retórica de defesa do consumidor, secundarizando que o poder público municipal tem que proteger o serviço público acessado pelo cidadão, e ainda assim ganha com a elevação de receita que virá com a aprovação do projeto. A ideia é que o Governo do RN fique com todo o revés de tocar o projeto. Uma vez aprovado, Estado e Municípios serão beneficiados.

Da 98 fm – A Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), que representa as prefeituras do Estado, decidiu ficar neutra na discussão do projeto de lei que aumenta o ICMS, o principal imposto estadual, por dois anos.

A decisão ocorreu nesta segunda-feira (19) após reunião na sede da entidade com prefeitos filiados. A opção pela neutralidade ocorreu porque alguns gestores são favoráveis e outros, contrários.

O presidente da Femurn, Babá Pereira, que é prefeito de São Tomé, disse ser particularmente contra a medida. “Sou contra porque isso pode trazer impacto inflacionário e pode afastar empresas. Quem vai pagar essa conta são as pessoas mais pobres, o consumidor final”, destacou o presidente da Femurn.

O projeto que aumenta o ICMS está na Assembleia Legislativa desde o dia 12 de dezembro e já foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Na última quinta-feira (15), por 14 votos a 9, a Casa aprovou um requerimento que acelera a tramitação da proposta. Nesta segunda (19), as comissões de Finanças e Educação se reuniram em sessão conjunta e decidiram não emitir parecer.

O projeto foi devolvido para a presidência da Casa com a alegação de que o projeto foi aprovado na CCJ sem a anexação de um estudo de impacto financeiro do aumento do imposto. A ideia dos deputados de oposição é que, após chegar à Mesa Diretora, o presidente da Casa, deputado estadual Ezequiel Ferreira (PSDB), determine que a CCJ analise novamente o projeto.

A expectativa é que a decisão do presidente da Casa, deputado Ezequiel Ferreira (PSDB), saia até esta quarta-feira (21).

Perda de recursos para municípios

Na semana passada, a Secretaria Estadual de Tributação (SET) divulgou que municípios do Rio Grande do Norte podem deixar de arrecadar, nos próximos dois anos, R$ 196,9 milhões, caso não seja aprovado na Assembleia Legislativa o reajuste da alíquota de ICMS proposto pelo Governo do Estado.

Os cálculos consideram que as prefeituras têm direito a 25% de tudo o que o Estado arrecada com o imposto. A maior perda seria da Prefeitura do Natal, que sozinha deixaria de arrecadar R$ 35,5 milhões em receitas de ICMS em 2023 e 2024. Depois, vêm Mossoró, com prejuízo de R$ 17,6 milhões, e Guamaré, com menos R$ 15,2 milhões. Parnamirim deixaria de receber R$ 12,5 milhões.

De acordo com o Governo do Estado, o aumento da alíquota de ICMS é necessário para compensar perdas de arrecadação provocadas pela diminuição do imposto sobre combustíveis, energia e telecomunicações, no meio deste ano. No Rio Grande do Norte, o ICMS sobre combustíveis, por exemplo, teve de cair de 29% para 18%.

A proposta prevê a elevação da chamada alíquota modal dos atuais 18% para 20%, em 2023. Em 2024, a alíquota cairia para 19%. Em 2025, voltaria ao patamar atual, de 18%. O governo espera, nos dois anos, conseguir que o Governo Federal passe a compensar as perdas.

Para compensar o aumento do imposto que seria aprovado para combustíveis, energia e comunicações, o projeto que está na Assembleia Legislativa prevê, ainda, uma desoneração de impostos sobre itens da cesta básica, caindo dos atuais 18% para 7%.