29 de abril de 2023

Se esquecermos de Alcaçuz, ela já já voltará a nos assombrar

Autor: Redação

Após a crise gerada pelo ataque por uma facção no RN, o assunto sobre o sistema penitenciário do RN desapareceu da esfera pública potiguar. As condições em Alcaçuz e outras prisões do estado foram apontadas como uma das razões para a ação de criminosos de facção.

Sim, via de regra, quase ninguém liga para a situação dos apenados. Só que não é apenas uma questão de princípio, mas também prática. Se a sociedade não tratar os presos conforme a lei, eles receberão amparo das organizações criminosas. E, uma vez soltos, irão para cima do cidadão médio.

O grosso do apenados não é de assaltantes e assassinos, como a extrema direita tenta fazer pensar. A massa presa é de pequenos traficantes trancafiados – não raro sem condenação transitada – por posse de pequenas quantidades de drogas. Diante dessa crescente população carcerária, a sociedade tem dois caminhos. Amparar de acordo com a lei ou abarrotá-los nas cadeias. Em se estabelecendo a última opção como vem sendo a regra, outras crises virão.

Preso sem tratamento de acordo com a lei vira exército de facção. E, uma vez arregimentados, agirão mais fortemente contra a mesma sociedade que o abandonou a própria sorte, com fome e sem remédio em alguma prisão. E como apenado não faz greve, a consequência lógica é pressionar pela via uso do terror.

Se você, caro leitor, não é tomado pelo princípio de dignidade mínima para todos, ao menos pense pela via do realismo.