Editorial: análise da corrida eleitoral para Prefeitura de Natal 2024

Autor: Redação

Passado a divulgação dos números da primeira pesquisa do O Potiguar em parceria com o Instituto Seta, as análises vão decantando e vamos enxergando melhor o cenário que está posto no momento. Fato que ainda falta mais de um ano para a corrida eleitoral, mas o momento é propício para entender os movimentos e possíveis jogadas dos atores e claro, antes da eleição existe uma corrida tão dura quanto, que é a partidária. Os atores que desejam ter seu nome na urna, precisam resistir ao primeiro grande embate que é a viabilidade política. 

A pesquisa foi realizada em Natal, ouvindo 800 pessoas nos dias 25 e 26 de abril de 2023, com intervalo de confiança de 95%. Na pesquisa estimulada, o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT), ainda figura como primeiro colocado, com preferência de 22,4%. O ex-prefeito goza de uma lembrança natural dos natalenses que o colocam em primeira opção como lembrança para o executivo. Um dos motivos são as sucessivas administrações municipais que não encantam, e CEA acaba virando uma referência positiva.

O que pesa negativamente para ele é a construção da viabilidade política, sabe-se que seu próprio partido, o PDT, está insatisfeito com os resultados obtidos pela legenda no RN, e por isso Carlos tenta viabilizar não apenas parcerias, mas também uma segunda opção como partido. A vida não está fácil para o ex-prefeito. Para o Senado em 2022 ele também despontava bem nas pesquisas, mas não conseguiu traduzir em força eleitoral, isso pode acontecer também para Natal, resta buscar uma boa aliança, que pode vir tanto de um lado, Fátima, como do outro, Álvaro. Porém agora essas duas possibilidades estão bem distantes, mas a política se movimenta rápido. 

Em segundo lugar vem Natália Bonavides (PT), com 12,5%, uma política com histórico de vitórias dentro do legislativo, mas agora o jogo é outro, uma disputa para o executivo vai exigir dela um diálogo político e acenos para outras bases além da esquerda. Historicamente o PT em Natal tem esse percentual que Natália larga de início, o que mostra que a base petista está com ela e acredita em seu projeto, mas para vencer ela vai precisar avançar mais. Conta a seu favor o apoio da Governadora Fátima Bezerra (PT) e do presidente Lula (PT), este que foi o único a ter uma avaliação positiva maior que a negativa na gestão pelo natalenses. No xadrez político para a candidata do PT é fundamental bloquear outras lideranças que estejam à esquerda e que possam impedir seu crescimento, fiquemos de olho nisso. 

Na sequência vem Styvenson Valentim (Podemos) com 12,4%. O Senador tem se favorecido com a pauta de combate a criminalidade e pontua bem na pesquisa. O natalense elegeu a Segurança Pública como o principal problema da cidade, e essa é a principal bandeira de trabalho do Senador, uma vantagem no momento. A crise na segurança pública deu visibilidade e vale destacar a nova postura adotada por Valentim, a de se utilizar das práticas da real política. Ele precisa assim como Carlos Eduardo, se viabilizar politicamente, encontrar um bom partido e dialogar por apoios, não será fácil costurar isso. Uma aproximação sua com Álvaro é complicada, mas vamos esperar pelos próximos movimentos da política para melhor analisar. 

Na sequência temos dois atores políticos fortes e que disputam a atenção do atual prefeito Álvaro Dias: o ex-deputado Rafael Motta (PSB) com 7,5% e o deputado Federal Paulinho Freire (UB) com 7%. Lembremos que mesmo não gozando de uma boa avaliação e enfrentando problemas com a população, a máquina municipal tem sua força e historicamente consegue eleger seu sucessor. Por isso, apesar de gerar preocupação, Álvaro tem a real noção de sua força.

O nome de Rafael foi elencado pelo próprio prefeito como sendo o nome de viabilidade, porém tudo vai depender da construção e dos acordos, Álvaro precisa de segurança para seu projeto 2026 e precisa de acesso e recursos federais para terminar suas obras. Paulinho Freire teoricamente faz parte de um grupo que orbita próximo ao prefeito e tem se posicionado mais à direita, o que pode ser uma vantagem em termos eleitorais num eleitorado conservador da capital, porém seus últimos movimentos não têm agradado ao chefe do executivo municipal e o impasse está criado, só o tempo vai dizer se vão conseguir desatar o nó.

O comunicador Bruno Giovanni (sem partido) conseguiu pontuar bem, teve 6,1% e se mantém no páreo tentando construir uma viabilidade política. BG precisa disputar contra grandes estruturas políticas e não terá caminho fácil, mas está no jogo e pode jogar.

No quesito rejeição Natália lidera com 16,4%. Natural uma vez que sua posição a esquerda levanta naturalmente a rejeição de parte do eleitorado, essa será uma briga eterna nesta eleição. A presença de Natália pode inclusive estimular uma polarização na eleição, um reflexo de disputas nacionais, o que já digo que não é o natural de uma eleição municipal. Por isso é importante Álvaro Dias considerar esta variável para escolha do seu sucessor. Carlos Eduardo com 15,8% e Styvenson com 10,4% fecham os três mais rejeitados.

Com 33,5% de aprovação contra 53,4% de desaprovação e 14% com não sabe responder, o Governo Municipal tem o reflexo da atual situação do município. Para analisar uma gestão a nível municipal algumas variáveis são fundamentais: limpeza da cidade, transporte urbano, funcionamento da saúde, infraestrutura das rodovias municipais, educação e claro possíveis transtornos por causa de obras.

O detalhe observando-as é que, de fato, Álvaro enfrenta talvez seu pior momento a frente da Prefeitura, e sabe que precisa urgentemente de recursos para tentar resolver parte dos problemas. Já falei que a máquina é pesada e consegue influenciar na eleição, mas a boa avaliação de Álvaro é fundamental para dar poder de negociação a ele com o sucessor, lembrando que aqui o jogo já é em vistas a 2026. Vamos esperar as próximas pesquisas e continuar nossas análises com relação a corrida eleitoral de 2023 em Natal.

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