6 de maio de 2023

Valerá a pena?

Autor: Redação

O vice-governador Walter Alves bateu o pé, foi a Brasília e conseguiu nomear Getúlio Batista para o DNIT/RN. A ação sofreu resistência da militância petista pelo seu alinhamento com o bolsonarismo local e nacional. Ele agora alega que se manteve neutro em 2022, mas qualquer consulta a suas redes sociais deixa evidenciado se tratar de uma inverdade elementar.

O problema não foi Batista ter feito oposição ao PT e marchado com a direita, espectro que sempre foi ligado. Nem ocupar agora um cargo no governo federal. É que construiu um personagem carente de medida pelo modo como bateu no PT e deitou tapete para o bolsonarismo. Ele não fez oposição apenas; desumanizou qualquer petista. Não agiu para derrotar, mas para destruir. Como político profissional que é, poderia ter feito oposição política. Afinal, ninguém sabe o dia de amanhã e, veja só, o amanhã chegou.

Um novo governo tem ex-oposicionistas. É do jogo num sistema multipartidário como o nosso e com tantas diferenças e especificidades regionais. Só que Getúlio ultrapassou todos os limites do razoável, talvez imaginando que o petismo estaria morto e não existiria qualquer chance de dialogar com o partido dos trabalhadores em eleições futuras.

Existe um exemplo bem próximo dele. Poderia ter aprendido com o pai de Walter Alves, o ex-senador Garibaldi. Garibaldi sempre foi duro na forma de fazer oposição, mas nunca chamou uma adversária de "amante", alcunha utilizada por Getúlio Batista para se referir a Gleisi Hofman, presidente da agremiação que agora ele será liderado. O aspecto performático é do jogo, no entanto, limites foram perdidos.

Valeu a pena a indicação? Ora, Getúlio não poderá subir em palanques, sob pena de ser lembrado por algum militante mais afoito e atravessar constrangimentos. Walter também pode ter contraído uma antipatia desnecessária em uma operação em que não ganhará um único voto. O vice governador disputará uma eleição majoritária, que é bem diferente da proporcional. Qualquer apoio conta.

Getúlio Batista não poderá errar, pois qualquer passo fora da linha será bastante amplificado. E o ataque não virá dos membros da extrema-direita, os seus antigos aliados. Virá na forma de fogo amigo mesmo. Fica a pergunta que só o tempo será capaz de responder.

 

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