15 de maio de 2023

Turquia confirma disputa de segundo turno entre Erdogan e opositor; votação será em 28 de maio

Autor: Cecília Marinho

O presidente Turquia Recep Tayyip Erdogan e seu opositor Kemal Kilicdaroglu disputarão o segundo turno da eleição presidencial do país, confirmou o chefe do Alto Conselho Eleitoral da Turquia na manhã desta segunda-feira (15). O segundo turno está marcado para 28 de maio.

Com cerca de 35 mil votos a serem contados, Erdogan tinha 49,51% de apoio e Kilicdaroglu, que integra uma aliança de oposição de seis partidos e também lidera o Partido Republicano do Povo, 44,88%. Nenhum candidato alcançou a maioria necessária para a vitória em primeiro turno.

No começo da apuração, os primeiros resultados colocavam o atual presidente confortavelmente à frente, mas conforme a contagem continuou, sua vantagem diminuiu e ficou abaixo dos 50% necessários para garantir a vitória.

A corrida representa o maior desafio até agora para o líder turco há 20 anos, Erdogan, que enfrentou ventos econômicos contrários e críticas devido ao impacto do devastador terremoto de 6 de fevereiro

Ele chegou ao poder em 2003, como primeiro-ministro, e se tornou o presidente em 2014, ampliando os poderes do cargo a partir de uma reforma constitucional três anos depois. Ele foi reeleito em 2018.

Pela primeira vez, a oposição da Turquia se uniu em torno de um único candidato, Kilicdaroglu, que representa uma coalizão eleitoral de seis partidos da oposição.

A perspectiva de mais cinco anos de governo de Erdogan vai perturbar os ativistas dos direitos civis que fazem campanha por reformas para desfazer o dano que dizem que ele causou à democracia turca. Milhares de presos políticos e ativistas podem ser libertados se a oposição prevalecer.

Trata-se de uma das eleições mais importantes nos 100 anos de história do país, uma disputa que poderia acabar com o governo imperioso de 20 anos e repercutir muito além das fronteiras do país. A participação eleitoral foi de 88,8%. 

Sinan Ogan, candidato presidencial nacionalista da Turquia que terminou em terceiro lugar, disse que só poderia apoiar o principal candidato da oposição Kemal Kilicdaroglu no segundo turno se ele concordar em não fazer concessões a um partido pró-curdo.

“Consultaremos nossa base de eleitores para nossa decisão no segundo turno. Mas já deixamos claro que a luta contra o terrorismo e o envio de refugiados de volta são nossas linhas vermelhas”, disse Ogan à Reuters.

A eleição foi observada de perto na Europa, Washington, Moscou e em toda a região, onde Erdogan afirmou o poder turco enquanto fortaleceu os laços com a Rússia e colocou pressão na tradicional aliança de Ancara com os Estados Unidos.

Erdogan é um dos principais aliados do presidente russo Vladimir Putin. Muitos líderes europeus e do Oriente Médio tiveram relações problemáticas com Erdogan.

As principais preocupações dos eleitores

No topo da lista de preocupações dos eleitores está o estado da economia e os danos causados ​​pelo terremoto. Mesmo antes do desastre de fevereiro, a Turquia lutava contra o aumento dos preços e uma crise cambial que em outubro viu a inflação atingir 85%.

Isso afetou o poder de compra do público e é “fundamentalmente a razão pela qual a popularidade de Erdogan foi corroída”, disse Sinan Ulgen, ex-diplomata turco e presidente do think-tank EDAM, com sede em Istambul. “Essa será a maior desvantagem para Erdogan”, disse ele.

Os eleitores também estão votando com base em quem consideram mais capaz de administrar as consequências do terremoto, bem como proteger o país de futuros desastres, dizem analistas, acrescentando que a popularidade de Erdogan não teve o impacto político esperado.

“Há um debate sobre qual plataforma eleitoral fornece a solução certa para lidar com essas vulnerabilidades e aumentar a resiliência da Turquia a esses desastres nacionais”, disse Ulgen.

Além da economia e da gestão governamental dos frequentes desastres naturais na Turquia, os eleitores provavelmente estão preocupados com o afastamento de Erdogan da democracia – algo que a oposição fez campanha para reverter.

(Publicado por Marina Toledo, com informações da Reuters e CNN Internacional)

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