20 de maio de 2023

Deltan, o ataque às Universidades e o suicídio do Reitor

Autor: Thiago Medeiros

Talvez você venha a se lembrar da figura do Deputado Federal cassado Deltan Dellagnol como um Jesus Cristo político do atual Brasil. O ex-Procurador que ficou famoso com a operação Lava-Jato, foi cassado pelo TSE, e aqui não vou me ater a discutir os méritos de sua condenação no tribunal, mas quero analisar um caso particular que abriu o caminho para a perseguição das Universidades Brasileiras e um ataque feroz ao conhecimento e a ciência.

Para relembrar um episódio do “Jesus” perseguido Deltan, o então procurador-chefe da Lava Jato em Curitiba, ironizou em 2017 os críticos da operação da Polícia Federal contra o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier, que cometeu suicídio após a ação liderada pela delegada federal Erika Mailik Marena. O relatório final da PF, um calhamaço com mais de 800 páginas, é inconclusivo, frágil, inconsistente e não apresenta prova de desvio ou irregularidade. A investigação no caso de Cancellier foi encerrada por causa de seu suicídio, embora o processo continue com outros investigados, porém não chegou a conclusões e mais prisões.

Tudo começou com uma possível desconfiança da delegada, que as Universidades e Fundações estariam a serviço político para desvio de dinheiro, ela troca mensagens com o então procurador e comemora pois a Lava Jato chegaria na educação. Isso mesmo, era visto com louvor o ataque deliberado à educação e universidades, mesmo que sem provas robustas. Isso seria o vislumbre do que se viria a seguir com o bolsonarismo e a negação à ciência.

Dallagnol recorreu ao Telegram para prestar solidariedade a Marena e atacar os que questionavam os métodos da PF nas diligências contra Cancellier, o procurador não via excessos na condução e na prisão do reitor. As mensagens foram publicadas pelo site The Intercept Brasil e negadas por Deltan, que disse desconhecer. Deltan presta solidariedade não à vítima, perseguida injustamente, mas sim a delegada. Não teve compaixão, aliás um sentimento que “Jesus” teria.

Cancellier cometeu suicídio em 2 de outubro de 2017. A morte ocorreu 17 dias após ele ser detido na Operação Ouvidos Moucos, da Polícia Federal, e mantido na prisão por um dia. A investigação tratava sobre desvio de dinheiro de programas de ensino à distância na UFSC. Um bilhete cujo conteúdo foi divulgado pelo irmão do reitor, Júlio Cancellier, e confirmado pela Polícia Civil, dizia "minha morte foi decretada quando fui banido da universidade".

Inclusive podemos observar vários casos recentes que podem ser atribuídos exatamente às viúvas do Bolsonarismo e Lavajatismo, composto por agentes públicos que são negacionistas da ciência e perseguem as instituições/universidades atrás de holofotes, uma justificativa ao temor que estas venham a implementar o “comunismo” no Brasil. Um moedor de reputações.

 

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