Jaime Calado é um forasteiro em São Gonçalo do Amarante?

Autor: Daniel Menezes

A promessa de disputa entre o prefeito Eraldo Paiva (PT) e o ex-prefeito Jaime Calado (PSD) em São Gonçalo do Amarante trouxe um discurso inusitado. Segundo o grupo de Eraldo e agora de Poti, que se juntaram, Jaime seria o forasteiro. Ele é chamado de "paraibano". Eraldo e Poti "os filhos da terra".

Ora, apontar a ausência de raízes locais costuma funcionar quando um candidato chega de última hora na eleição, sem ter qualquer afinidade com o município. Só que não é, nem de longe, o caso de Jaime Calado.

Calado foi duas vezes prefeito de São Gonçalo e tem toda uma vida política relacionada ao município de São Gonçalo do Amarante. Não faz o menor sentido tal tipo de cobrança diante desse contexto.

E, ora, é a mesma forma com que a direita ataca a Fátima Bezerra, dizendo que ela não é norteriograndense de nascimento, ainda que a governadora tenha dedicado toda a sua trajetória em favor das causas positivas para o RN.

Vale lembrar, para citar mais um exemplo, que o deputado federal Fernando Mineiro, para quem o PT pediu voto também aos eleitores de São Gonçalo em 2022, nasceu em Minas Gerais. Isto seria desabonador? Óbvio que não. Mineiro também fez militância pela vida toda no RN.

O próprio Eraldo chegou a condição de prefeito, sendo vice na chapa do saudoso Paulinho. Paulinho foi eleito e reeleito prefeito de São Gonçalo, mas não veio ao mundo em solo sãogonçalense. Deixou a prefeitura muito bem avaliado por falecimento.

Demarcar diferenças de projeto político e de atuação faz parte da disputa política. É assim mesmo. Cada um mostra suas qualidades e tenta apresentar os defeitos dos oponentes e, no final, o eleitor se posiciona. Mas este tipo de cobrança purista não combina com a esquerda e, na situação de São Gonçalo, não tem qualquer aderência à realidade local.

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