14 de junho de 2023
“Saída honrosa” ou rearranjo: sobrevida de ministra obrigará governo a buscar alternativas para União Brasil
Autor: Daniel MenezesDo Metrópoles - A continuidade (ainda que temporária) de Daniela Carneiro no Ministério do Turismo, confirmada nessa terça-feira (13/6) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi mal digerida pela bancada do União Brasil ao longo do dia e amarrada em jantar realizado ao final da noite. O encontro, promovido em apoio a Celso Sabino (União-AP), contou com a participação do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), do líder do governo José Guimarães (PT-CE) e do ministro Juscelino Filho (União), das Comunicações.
A presença de Padilha e José Guimarães no jantar na casa do deputado federal Marangoni (SP) reforçou o discurso de enfraquecimento de Daniela do Waguinho, como a ministra é conhecida, e deu forças à tese de que sua permanência no ministério acontece para uma “saída honrosa” posteriormente. Eleita deputada mais votada do Rio de Janeiro, ela e seu marido, o Waguinho, prefeito de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, são importantes aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no estado.
Além disso, Daniela e Waguinho são importantes lideranças evangélicas. De acordo com governistas, o momento é de saber de fato o que o União Brasil pode oferecer em questão de votos na Câmara e como o casal permanecerá contemplado pelo Planalto.
Enquanto isso, Celso Sabino foi o nome indicado pela maioria dos deputados – pelo menos 41 de 59 – do União Brasil para substituir Daniela no Ministério do Turismo. Apesar disso, a nomeação da deputada eleita para a pasta aconteceu por uma cota do presidente Lula, não por uma negociação com a bancada do partido na Câmara. Ela, em tempo, busca sair da legenda para se filiar ao Republicanos, para onde o marido já migrou.
Uma outra liderança, também defensora da mudança, indica que o governo pode até bancar sua permanência, mas será preciso uma mudança também no discurso e na configuração da Esplanada dos Ministérios.
“Ela não tem condições de ficar pelo partido, o marido dela errou nas declarações ontem e hoje. Se ela ficar ministra, será na cota do presidente, assume-se que ela não é mais cobrada como cota do partido”, disse um deputado do União Brasil.
Se o governo optar por mantê-la, defende, será preciso negociar a presença da legenda em outro ministério, além de garantir a liberação de emendas e cargos travados no Turismo. Como mostrou o Metrópoles, o União Brasil reclama sobre liberação de recursos e nomeações, mas também está de olho em outras pastas, como o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, hoje chefiado por Waldez Goés (PDT).
Críticas
A bancada do partido teve uma reunião fechada no fim da tarde dessa terça-feira. Lá, segundo apurou o Metrópoles, Celso Sabino já tomou a dianteira sobre o ministério do Turismo. Defendeu o tamanho da pasta, mas criticou a atual gestão por promover eventos em cidades que são base de alguns deputados do União Brasil, sem consultá-los ou convidá-los.
A troca, dessa forma, é vista como certa. Mas, reforçam, somente a substituição não resolverá os problemas do governo com o União Brasil. “A bancada, com a troca, não vai poder dizer que não participou do processo, mas uma parte, como Alfredo Gaspar, Rosângela Moro e Kim Kataguiri, não pode votar com o governo”.
Nessa terça, Daniela do Waguinho esteve na Câmara dos Deputados. Ela defendeu sua atuação enquanto ministra e elencou suas ações nos seis primeiros meses de governo. Disse, porém, que não deixará de apoiar Lula caso saia do ministério do Turismo, mas garantiu que a conversa ocorrida pouco antes com o presidente Lula foi “positiva”.
No jantar em apoio a Celso Sabino, os deputados que usaram a palavra defenderam o nome do parlamentar no Turismo. As declarações já são no sentido de que a troca é certa. Só falta definir a data.
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