14 de junho de 2023

De adversários a aliados de primeira hora, veja raio-x de algumas das indicações para cargos federais no RN

Autor: Daniel Menezes

Do Portal Saiba Mais

Por Valcidiney Soares

O governo federal segue na busca por construir governabilidade no Congresso e para isso tem feito nomeações para cargos federais no Rio Grande do Norte que contemplam aliados. Além de nomes ligados ao próprio PT, há indicações de dirigentes do PSD, MDB, PSB e outros. 

Até chegar ao estágio final da nomeação, todas as indicações para os cargos federais nascem nos seus próprios Estados. No Rio Grande do Norte, foi formada uma comissão composta pelo PT, pelas representações dos mandatos federais (de Fernando Mineiro e Natália Bonavides) e do Governo.

 

Esse grupo foi o responsável por conversar com os aliados e reunir todos os indicados em uma planilha que foi submetida depois para apreciação do governo federal. Tudo isso tem um pano de fundo: a busca de Lula pela construção de uma maioria no Congresso.

A movimentação passa por distribuir as presidências e superintendências dos órgãos federais que têm cargos no RN. São estatais como INCRA, CBTU, Codern, Emater, dentre outras. 

Confira, a seguir, algumas das nomeações já feitas:

Correios foi uma das primeiras nomeações

Uma das primeiras nomeações não partiu das mãos do PT. No primeiro mês do ano, o presidente nacional dos Correios promoveu mudanças no comando de alguns Estados. No Rio Grande do Norte, Jaqueline Costa foi nomeada como superintendente em 9 de janeiro, mas a escolha não passou pela comissão petista, segundo o presidente estadual do PT, Júnior Souto. 

MST tem membro na superintendência do Incra no RN

Parceiro histórico do PT, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) conseguiu emplacar um nome do grupo dentro da superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Rio Grande do Norte.

O escolhido foi Lucenilson Ângelo de Oliveira, assentado do movimento e ex-secretário-adjunto do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Sedraf) no Estado, no primeiro governo Fátima Bezerra.

 

Cientista social pela UFRN, é também técnico em Controle Ambiental pelo IFRN, atual Secretário Agrário do PT/RN e já integrou a direção estadual do MST. Seu anúncio para o comando do instituto veio ainda no início de março.

Larissa Rosado indicou comando do Igarn

A chefia do Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte (Igarn) está sob as mãos de uma pessoa mais do que aliada da ex-vereadora e ex-deputada estadual Larissa Rosado (União): seu marido, o engenheiro agrônomo Paulo Sidney Gomes.

Professor do IFRN Campus Ipanguaçu, Sidney também já foi superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no RN. 

Pessoalmente um forte apoiador do PT, ele assumiu o Igarn em 1º de abril.

Ex-secretário do governo Fátima está na CBTU

O engenheiro civil João Maria Cavalcanti assumiu a superintendência da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no Rio Grande do Norte no início de abril. Seridoense, Cavalcanti ocupou o cargo de secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) durante o primeiro governo de Fátima Bezerra.

Com mais de 30 anos de atuação profissional na área, Cavalcanti já dirigiu a CBTU Natal entre 2012 a 2015 e foi também superintendente do IBAMA.

Walter Alves indicou comando do Dnit

A nomeação mais ruidosa até o momento foi para o comando do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Estado. Quem assumiu o órgão foi o empresário e presidente estadual do PTB Getúlio Batista. A indicação partiu do vice-governador Walter Alves, liderança do MDB.

O motivo da tensão se deu porque, na internet, o dirigente do PTB colecionou ataques contra o presidente Lula e a governadora Fátima Bezerra. Em 2021, por exemplo, insinuou que o atual chefe do Planalto seria ladrão.

 

Também afirmou, no mesmo ano, que “Bolsonaro é honesto, é um bom presidente sim”. Segundo ele, “o Brasil precisa de um Presidente correto, cristão, que seja temente a Deus e que ame a família.”

Mesmo com o histórico desfavorável, Batista superou as animosidades e foi nomeado para o Dnit em 5 de maio, em publicação que consta no Diário Oficial da União (DOU) daquele dia.

Rafael Motta possui aliado na Codern

Uma das principais autarquias federais do Estado, a Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) tem como diretor-presidente o advogado Estéferson Ubarana Gomes da Silva. Silva substituiu o brigadeiro Carlos Eduardo da Costa Almeida, militar que ficou até fevereiro.

A indicação partiu do ex-deputado federal Rafael Motta (PSB). Silva foi secretário parlamentar de Motta entre 2021 a 2023, deixando a função junto ao fim do mandato na Câmara.

No ano passado, Rafael Motta foi candidato ao Senado reivindicando as gestões Lula e Fátima, mas sem contar diretamente com o apoio dos petistas. Ele terminou a corrida em terceiro lugar, atrás de Rogério Marinho (PL) e Carlos Eduardo (PDT, hoje no PSD).

Ainda assim, continua com entrada em Brasília (onde o vice-presidente, Geraldo Alckmin, é do mesmo partido) e no governo Fátima. Estéferson Silva iniciou o trabalho na Codern em 11 de maio. 

Ex-prefeito do interior é indicação de Zenaide para Emater

 

A senadora Zenaide Maia (PSD) emplacou o ex-prefeito de Portalegre, Neto da Emater, para a Superintendência Regional do Ministério da Agricultura e Pecuária no RN.

Na cidade do Alto Oeste, ele foi vereador e prefeito por três mandatos entre os anos 2001 a 2004 e 2013 a 2020.

União Brasil quer Codevasf

Já o União Brasil, do ex-senador José Agripino, quer estar à frente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Para isso, indicou o ex-prefeito de Assú e ex-secretário Ivan Jr.

A indicação, contudo, está travada. O assuense acumulou desgaste pelo seu histórico. No ano passado, Ivan foi candidato a vice-governador na chapa oposicionista encabeçada por Fábio Dantas (Solidariedade), que contou com o apoio do ex-ministro e senador eleito Rogério Marinho (PL).

A sua indicação para a Codevasf também causou tensão por declarações públicas do ex-prefeito em que relacionou Lula à corrupção. Apesar disto, Agripino e o União mantêm a indicação do ex-prefeito. As negociações seguem sendo feitas à nível nacional, em Brasília.

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