14 de junho de 2023
SMS transfere serviços de hospital pediátrico para maternidade
Autor: RedaçãoA Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS/Natal) iniciou a transferência de todos os serviços do Hospital Pediátrico Nivaldo Júnior, em Candelária, para o Hospital Maternidade Araken Irerê Pinto, em Petrópolis. A medida, segundo a pasta, se deu “em função da necessidade de racionalizar recursos humanos, estruturais e financeiros”. Sem divulgar a quantidade de crianças internadas no hospital, a SMS disse que “todos os pacientes” serão encaminhados à Araken.
A Secretaria informou que a mudança é para que o “Município possa manter sua política de alto investimento no setor, que hoje corresponde a mais de 33% do orçamento da Administração” própria, “mais que o dobro do índice obrigatório constitucionalmente (de 15% do orçamento)”. A pasta disse que o prédio era alugado e será devolvido.
De acordo com a SMS, a medida adotada “garante a integralidade na prestação de todos os serviços que até então estavam sendo realizados no Hospital Nivaldo Júnior”, sem o comprometimento das atividades pediátricas na rede municipal de saúde. O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde), informou que estavam previstas 12 transferências para a Araken durante esta terça-feira.
O Sindicato afirmou que serão 35 leitos lotados na maternidade, mas não soube informar se essa seria a quantidade exata de internações no Hospital Nivaldo Júnior quando as transferências foram autorizadas. A TRIBUNA DO NORTE foi ao local na tarde de ontem e presenciou a transferência de duas crianças para a Araken.
Ninguém da direção falou com a reportagem. Alguns funcionários disseram que o hospital, que realiza atendimentos apenas com porta regulada (só recebe pacientes encaminhados), mantinha algumas crianças internadas, as quais aguardavam vagas na Araken ou em outras unidades de saúde da capital.
Conforme mencionado por uma funcionária, as crianças que serão encaminhadas a outras unidades são aquelas que precisam de uma UTI. Questionada, a SMS não respondeu. A reportagem também tentou apurar como fica a situação dos funcionários que atuam no hospital, mas a pasta reservou-se a informar apenas que não haveria descontinuidade de nenhum serviço.
A medida da Prefeitura foi duramente criticada pelo Sindsaúde. Marcelo da Silva, presidente do Sindicato, disse que a mudança significa uma “perda incalculável” para o atendimento pediátrico da capital. "É uma perda incalculável para o município de Natal, que já vem sofrendo com os fechamentos de serviços de saúde. Temos muitos ataques da Prefeitura em relação a fechamentos, e na saúde é agravante, porque Natal não dispõe de um hospital municipal ou geral. Só temos unidades de pronto atendimento, uma mista e unidades básicas de saúde", lamentou.
Marcelo da Silva também reprovou a transferência de leitos para o Hospital Maternidade. "Estão pegando crianças com sintomas de doenças respiratórias em sua maioria, e jogando dentro de uma maternidade onde o recém-nascido não deveria ter contato com essas doenças. Os pacientes não têm nenhum tipo de imunidade para ajudar as patologias do dia a dia", disse.
A TN questionou a SMS sobre a possibilidade de risco gerado pelo remanejamento desses pacientes. A pasta afirmou que o movimento não é arriscado, uma vez que as crianças ficarão em andares diferentes. A reportagem também procurou a direção da maternidade, mas ninguém quis comentar o assunto.
Fonte: Tribuna do Norte
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