23 de junho de 2023

Depois da nomeação certa do Tenente Cliveland, agora a imprensa bolsonarista embala as mentiras de Álvaro Dias para antecipar pleito de 2024

Autor: Daniel Menezes

Há cerca de 15 dias, a imprensa bolsonarista de Natal trouxe uma surpresa - o processo de cassação do então deputado federal Deltan Dallagnol iria beneficiar o suplente Tenente Cliveland do PL na Assembleia do RN, retirando a vaga do deputado estadual Ubaldo Fernandes. A tese inusitada juntava alho com banana para dizer que Dallagnol e Lagartixa, que, ao contrário do ex-procurador sequer asumiu o mandato, teria entendimento identico e a posse do suplente Cliveland como parlamentar potiguar era questão de tempo.

As matérias não tinham especialistas afirmando nada a respeito, decisão de tribunal, lei, nenhum fiapo de evidência. Só o desejo de trocar Ubaldo por alguém da extrema direita. O tal do Cliveland e muito menos alguém do PL nunca entraram na justiça para reivindicar um palito de dente sequer e o assunto desapareceu. Tratava-se de mero balão de ensaio jurídico via imprensa. O se colar, colou. Não colou.

Agora, outra lorota é erguida a condição de verdade pelo mesmo grupo com intenções juvenis. O prefeito Álvaro Dias alega que há forças ocultas atrapalhando a obra de engorda da praia de ponta negra, um modo de atacar a atuação de licenciamento estadual do IDEMA. Evidências? Nomes? Ações concretas? Ora, as mesmas que diziam que o tenente Cliveland estaria sentado agora numa cadeira de deputado estadual na assembleia. 

A prefeitura do Natal não vai mudar o local de um meio fio. Vai mexer na composição de uma praia inteira, alterando significativamente o ecossistema, o posicionamento social de camadas da população de Natal, a forma como a economia da região irá se comportar, a paisagem da principal praia urbana da cidade, um dos cartões postais do RN. Deveria, portanto, até por uma questão de responsabilidade, atender a todas as exigências e entregar todos os documentos solicitados e esperar que o IDEMA, dentro do prazo estabelecido, faça o seu trabalho. A própria praia de Ponta Negra tem uma experiência bem negativa com a intervenção estabelecida com aquele muro de pedras em que foi dito - mas não devidamente ouvido - que ali encheria de ratos e baratas. E encheu. Os banhistas disputam espaço hoje na orla com gabirus bem cevados capazes de botar medo em gatos, um dos seus predadores.

Mas não. Dias politiza algo que deveria ser de ordem técnica, assim como fez com aquela distribuição insana de ivermectina sem qualquer amparo na ciência e que enganou muita gente na cidade que não está mais aqui para contar a história. A postura é semelhante a que promove na chamada obra da trincheira na Avenida Salgado Filho.

O que Álvaro Dias quer de verdade? Ora, ele sabe que o processo de licenciamento não está concluído. Ele tem técnicos que já o disseram isso e há legislação em vigência no Brasil para tanto. Se ela de fato estivesse sendo descumprida, ele tem corpo jurídico para processar as autoridades que estariam prevaricando ou atuando contra o interesse público. Por que não o faz? Porque o que ele quer, na verdade, é antecipar o debate eleitoral de 2024, criando um falso antagonismo, a partir da obra, entre ele o PT materializado no Governo do RN. Ele joga para o antipetismo bolsonarista, uma de suas bases em Natal. E, ao resumir a disputa entre AntiPT x PT, secundariza também Carlos Eduardo. O ex-prefeito lidera as pesquisas, mas não está alinhado a nenhum dos dois polos citados na capital. Por fim, o médico que eternizou a célebre frase "se funciona in vitro, funciona em vivos" ainda constrói uma vacina para o caso da obra não ficar pronta - se ela não estiver concluída para ser apresentada durante o período eleitoral, a culpa será do governo do PT. Ele aposta tudo nessa e outras obras para ter uma vitrine em 2024 e, com isso, fazer seu sucessor.

A questão é que era hora de mostrar, pela simples e digna atividade jornalística, que Álvaro Dias mente. O Idema não deu prazo de dez dias para entregar a licença como ele alega e que, sim, faltam documentos. Era o momento de apurar as versões da prefeitura e a do IDEMA, confrontar com a legislação e saber quem fala a verdade de fato. Mas a intenção não é essa. Tanto que, ao invés de ouvir técnicos, leva-se em consideração a opinião (sic) dos deputados estaduais Nelter Queiroz e Coronel Azevedo, dois declarados políticos que fazem oposição ao PT e que entendem de engorda de praia tanto quanto este que escreve saca de física nuclear. Quando a realidade contraria o desejo do interesse, joga-se os acontecimentos fora. Foi assim com o tenente Cliveland. Está sendo agora com Álvaro Dias.

*Imagem extraída do portal G1.

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