3 de agosto de 2023

Queda no desmatamento da Amazônia se consolida sob Lula, mas derrubada é recorde no cerrado

Autor: Daniel Menezes

(FOLHAPRESS) - A Amazônia registrou queda de 7,4% nos alertas de desmatamento de agosto de 2022 a julho de 2023 em relação ao mesmo período anterior (2021-2022). A área de floresta derrubada no período foi de 7.952 km², o menor valor desde o intervalo 2018-2019. Ao mesmo tempo, porém, o cerrado alcançou o recorde de avisos do histórico do Deter, com 6.359 km² derrubados— 16,5% a mais que no período anterior.

A atualização positiva para a floresta e preocupante para o cerrado ocorre dias antes da Cúpula da Amazônia, que ocorrerá na próxima semana em Belém, no Pará.

A comparação entre o segundo semestre de 2022 e o primeiro de 2023 também ilustra essa discrepância entre o que acontece nos dois biomas.

Nos seis meses finais do último ano, durante governo de Jair Bolsonaro (PL), os alertas na Amazônia cresceram 54,1%, enquanto no início de 2023, na gestão Lula (PT), houve queda de 42,5%. Já no cerrado, o aumento que era de 15,7% acelerou para 20,7% na gestão petista.

Os dados foram divulgados na manhã desta quinta-feira (3) pelos ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima e da Ciência, Tecnologia e Inovação. Como vem ocorrendo nos últimos meses, a taxa mensal de desmatamento foi anunciada em uma entrevista coletiva em Brasília. Anteriormente, tais as informações mensais eram somente atualizadas na plataforma do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Os dados de alerta de desmate são referentes ao sistema de monitoramento Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real), do Inpe, atualizado constantemente. O Deter foi desenvolvido para servir de apoio a operação de fiscalização contra crimes ambientais. Mas dados produzidos pelo sistema têm ajudado a mostrar tendências no nível de desmate dos biomas.

"Quando vemos que a queda no desmatamento na Amazônia aconteceu em vários estados e municípios, vemos que temos uma queda consistente", afirmou a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente.

"Temos uma situação que é complexa [no cerrado] em função da incidência de desmatamento com autorização [dos estados]. O Ibama pode atuar nas áreas com ilegalidade comprovada ou suspeita muito evidente de ilegalidade", ponderou.

A pasta tem feito reuniões com os estados que compõe o bioma para construir propostas para a redução no desmatamento na região. O ministério prevê para outubro o lançamento do PPCerrado (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado).

Marina lembrou ainda que há uma diferença legal entre os dois biomas: na Amazônia, o máximo de floresta que pode ser derrubada legalmente é de 20%, enquanto no cerrado, é de 80%. E propôs que este segundo parâmetro seja revisto.

"No caso do cerrado, há quase que uma acomodação, porque pode explorar [por lei] 80% [da floresta]. Então a ciência precisa dizer qual a base de sustentação e a base de suporte [da exploração] do bioma", completou.

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