17 de agosto de 2023

Após 1.237 dias, rede estadual fica sem internados com covid

Autor: Redação

Matteus Fernandes

Repórter

Da Tribuna do Norte

Depois de 1.237 dias, o RN ficou sem nenhuma pessoa internada na rede pública de Saúde do Estado em decorrência da Covid-19. A marca foi alcançada nesta quarta (16), um dia após o último paciente receber alta do Hospital Giselda Trigueiro, unidade que recebeu os últimos casos de Covid-19 no RN.  Desde 27 de março de 2020, o Estado teve pacientes com covid internados todos os dias. Diretor do hospital, o infectologista André Prudente comemorou o fato e reforçou a importância da vacinação na população.

O último paciente potiguar com Covid-19 que ocupou um leito foi um homem de 73 anos. Ele é um cardiopata que estava com o esquema vacinal incompleto e, após o tratamento, recebeu alta na noite da última terça-feira (15). O paciente ocupava um dos 25 leitos destinados para o tratamento da doença no hospital e que já estão sendo utilizados para outros casos.

 

"Para a gente, [zerar as internações] é de uma importância muito grande porque a gente foi o primeiro hospital a receber casos de Covid-19 lá em março de 2020. Desde então, a gente vem numa sobrecarga muito grande de trabalho imensa por conta de todo o estresse e de tudo que veio acompanhado na pandemia, inclusive as pressões políticas. Tudo isso levou ao adoecimento dos servidores por estresse, por sobrecarga e por terem visto muitas pessoas sofrendo", afirmou o diretor do Giselda Trigueiro.

 

A primeira paciente com Covid-19 internada no Rio Grande do Norte deu entrada no dia 6 de março de 2020 no Giselda Trigueiro. O primeiro caso confirmado, que seria atestado seis dias depois, tratava-se de uma mulher de 24 anos que se recuperou após contrair o coronavírus (causador da doença) em viagem à Itália. Depois dela, a internação seguinte ocorreu no dia 18 daquele mês. Com a proliferação do vírus, a partir do dia 27 de maço de 2020, pelo menos um leito da rede pública foi ocupado para tratamento da doença até a sequência ser encerrada nesta semana.

 

Como hospital de referência, o Giselda Trigueiro passou a receber apenas casos graves da doença à medida que a descentralização de leitos era promovida para outras unidades de saúde. No total, foram 2.503 casos graves atendidos no hospital especializado, dos quais 1.993 pacientes se recuperaram da Covid-19, o que representa uma taxa de 79,62% de sucesso no tratamento. Um percentual alto, na avaliação do diretor da unidade, levando em consideração a severidade dos casos.

 

"É até difícil mensurar a importância que o hospital teve. Foi o primeiro a receber casos, tanto suspeitos como confirmados. Então, a gente acabou treinando as equipes de vários outros hospitais no Estado, inclusive da rede privada", frisou André Prudente.

 

Desafios durante a pandemia

Ao todo, foram mais de 3 anos e 4 meses para que a rede pública do Rio Grande do Norte vivesse um dia sem pacientes internados em decorrência da Covid-19. Durante esse período, o infectologista André Prudente destaca os momentos de maiores dificuldades, sobretudo nos picos de casos e internações na pandemia.

 

"O primeiro dos desafios foi enfrentar o medo e ansiedade de todos os servidores, que era uma doença nova, desconhecida e que as notícias eram de que matava muita gente - o que se confirmou com o passar do tempo. O segundo foi conseguir abrir espaços para o atendimento dessas pessoas. Na época, a gente teve que dividir nosso pronto-socorro: um das outras doenças e outro apenas para Covid", disse o médico.

 

Ele ainda recorda da necessidade repentina por equipamentos, como respiradores mecânicos. "Conseguir respiradores foi um problema porque quando a pandemia começou todo mundo correu atrás, e os fornecedores nem tinham quantidade suficiente. Assim também foi com os equipamentos de proteção individual (EPIs). Por exemplo, a máscara N-95 que a gente comprou antes da pandemia por R$ 0,80 a unidade. Já em março e abril, os fornecedores que tinham queriam vender a R$ 100 ou R$ 120 a mesma unidade", lembra André Prudente.

 

Por outro lado, o infectologista destacou a solidariedade observada no início da pandemia. Ele disse que o legado da união em crises como essa deve permanecer na sociedade. Como reflexos positivos, ele ainda apontou os avanços tecnológicos na área da saúde e a instituição da telemedicina.

 

Cuidados 

A informação animadora, segundo André Prudente, não deve ser encarada como o fim da doença. Na verdade, casos ainda são registrados, mas não necessidade de internação se dá pelo avanço da vacinação contra a Covid-19.

 

Nos primeiros sete meses do ano, o Rio Grande do Norte registrou 7.250 casos e 99 mortes de Covid-19. No mês de julho foram contabilizados 1.075 casos e dois óbitos pela doença. Os dados foram repassados pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap).

 

"É importante reforçar que a vacinação é importantíssima. A doença não deixou de existir, então o reforço da vacina também é importantíssimo", afirmou o médico.

 

De acordo com a plataforma RN + Vacina, mais de 2,8 milhões de potiguares concluíram o esquema vacinal contra a doença, o que representa 88% da população e supera a meta de cobertura (2,5 milhões). Quanto às doses de reforço: 71% da população tomou a D3 e 26% recebeu a D4. Já a vacina bivalente contra a Covid foi aplicada em 384.801 pessoas.

 

Dados da Covid em 2023

Evolução do quadro de covid-19 em 2023 no Estado

 

Janeiro 23

Casos  1.090

Óbitos  23

 

Fevereiro 23

Casos  770 

Óbitos  4

 

Março 23 

Casos  619

Óbitos  08

 

Abril 23

Casos  1.775

Óbitos  22 

 

Maio 23

Casos  1.208 

Óbitos  31 

 

Junho 23

Casos  713 

Óbitos  9

 

Julho 23

Casos  1.075

Óbitos  2

 

Total 2023

Casos  7.250

Óbitos  99

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