18 de agosto de 2023

GCM de folga que acompanhava suplente de deputado saca arma dentro da USP e alunos dizem que ele 'apontou arma para a cara de estudantes'

Autor: Cecília Marinho

Um agente da Guarda Civil Metropolitana (GCM) da capital, que estava de folga, sacou a arma em meio a dezenas de estudantes da Universidade de São Paulo (USP) na tarde desta quinta-feira (17).

Alunos do Diretório Central dos Estudantes da USP e do Centro Acadêmico de História da universidade afirmam que o homem apontou a arma "para a cara de estudantes".

O homem acompanhava o youtuber e suplente de deputado estadual Lucas Pavanato, que disputou o cargo em 2022 pelo Partido Novo. Tanto o influencer quanto o GCM foram "expulsos" da universidade sob gritos de "recua, fascista, recua".

"A gente está aqui na FFLCH [Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas], o MBL trouxe um segurança armado para ameaçar os estudantes. Esses fascistas que estão ocupando nossa universidade. O cara tá armado, apontando a arma para os estudantes", disse uma estudante, em vídeo, no momento em que o guarda era direcionado para fora da USP.

 

Em nota, Pavanato disse que foi à universidade fazer uma "brincadeira que consistia em mostrar imagens das figuras históricas para os alunos reconhecerem" e que, "em determinado momento, jovens ligados a movimentos estudantis de extrema-esquerda disseram que eu teria que sair dali".

"A situação ficou tão insustentável que um GCM amigo meu precisou intervir para evitar que algo pior acontecesse", diz o texto. (leia íntegra abaixo)

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o caso foi registrado como lesão corporal e ameaça no 93° Distrito Policial, na Zona Oeste. "Os PMs foram informados que os alunos tentavam retirar os GMCs do campus da Universidade, quando houve uma discussão mútua entre eles. No momento da briga, um dos guardas teria sacado uma arma na tentativa de conter os estudantes, porém não chegou a atirar".

"Dois jovens, de 18 e 25 anos, ficaram feridos no tumulto. A arma do agente foi apreendida. Foram solicitados exames junto ao Instituto Médico Legal (IML). Os laudos estão em elaboração e, assim que finalizados, serão analisados pela autoridade policial", informou o órgão.

Apesar de ter sido associado ao Movimento Brasil Livre por alguns alunos, a entidade afirmou em nota que, "em uma ação desastrosa e irresponsável, pessoas que não têm ligação alguma com o MBL levaram um segurança armado ao campus. [...] A ação é lamentável. [...] Essas pessoas não são do MBL e utilizam seus próprios meios e devem pagar, exclusivamente, as consequências dos seus atos".

 

O que diz a USP

 

Paulo Martins, diretor da FFLCH, pronunciou-se em um vídeo publicado no canal do YouTube da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.

 

"A nossa faculdade foi, em certa medida, ameaçada na sua integridade física, moral, por pessoas que são externas à Universidade de São Paulo. Não é uma boa notícia que nós viemos aqui trazer", afirmou.

 

"Venho aqui manifestar a minha profunda indignação e também tristeza pelos atos ocorridos ontem contra nossa comunidade. Atos agressivos, violentos, uma ação planejada e sobre a qual não tivemos sequer uma informação”, destacou Ana Paula Torres Megiani, vice-diretora da FFLCH.

"Estaremos sempre preparados a tomar atitudes drásticas, principalmente quando, dentro da nossa faculdade, vêm pessoas que estão armadas. Armadas contra professores, contra jovens estudantes, contra funcionários. Não é admissível que devemos tolerar esse tipo de atitude", disse Martins.

"Toda vez que isto ocorrer, iremos chamar os mecanismos legais para dirimir esse tipo de conflito", completou.

 

 

O que diz Pavanato

 

Em nota, Lucas Pavanato disse:

"Ontem fui gravar um vídeo na USP para ver o conhecimento histórico dos estudantes da universidade. Era uma brincadeira que consistia em mostrar imagens das figuras históricas para os alunos reconhecerem. Em determinado momento jovens ligados a movimentos estudantis de extrema-esquerda disseram que eu teria que sair dali, me expulsaram na base da violência, tentaram furtar o celular de quem estava gravando. (Conforme foi documentado em vídeo).

A situação ficou tão insustentável que um GCM amigo meu precisou intervir para evitar que algo pior acontecesse. A PM reportou que atos violentos assim por parte dos “alunos” são recorrentes. Fizemos o Boletim de Ocorrência e esperamos que os criminosos sejam identificados e punidos. É absurdo que jovens custem cerca de R$ 6 mil por mês ao Estado e desperdicem esse dinheiro fazendo baderna".

Fonte: G1 

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