28 de agosto de 2023

'Estourou minha boca', 'Me jogou no chão', 'Chamou de hipopótamo': os relatos das vítimas de agressão de médico de SP

Autor: Cecília Marinho

médico acusado de agredir fisicamente tanto ex-namoradas como funcionários do prédio onde mora e dos locais por onde passa, em São Paulo e no Rio, também cometeu ofensas verbais. Bruno D'Ângelo Cozzolino investiu contra mulheres, idosos e até contra um segurança contratado pelo prédio justamente para proteger os funcionários dos ataques dele.

Fantástico apurou que existiram mais de dez agressões cometidas por Bruno Cozzolino, investigadas pelo Ministério Público paulista e pela polícia. Veja abaixo o que relataram as vítimas.

Zelador e síndico agredidos

A primeira agressão de que se tem notícia é de quando o médico partiu para cima do zelador do prédio onde mora, no Jardins, bairro nobre da capital paulista, depois que o síndico pediu que ele estacionasse corretamente nas vagas destinadas ao seu carro – o veículo ocupava quase quatro vagas do estacionamento.

No dia seguinte à agressão ao zelador, Bruno foi até o síndico do prédio, Flavio Oliva, acusar o funcionário agredido de ter tentado acertá-lo com um facão, e dizendo que inclusive registrou um boletim de ocorrência.

No entanto, Bruno foi questionado por Flávio, que disse que as imagens não mostravam o que ele dizia. Bruno, então, se enfureceu e foi para cima do síndico.

 

“Ele começou a pegar o boné dele e me chicoteava, batia no corpo. Aí deu uma chicotada com o boné no meu rosto, e eu dei um tapa na cara dele e falei: ‘Você não vai fazer isso comigo’. Ele recuou e falou: ‘Você me agrediu’”, relembrou.

 

A discussão não terminou ali. Bruno saiu do prédio pela porta principal, mas no mesmo momento voltou correndo pelo portão de visitantes e chutou Flávio por trás. O síndico, então, correu atrás do médico, que o agrediu novamente.

 

“Estourou a minha boca. Arrebentou o meu lábio. Acabamos nos pegando aqui no final”, relatou.

 

 

Agressão a ex

 

No mesmo dia da discussão com o síndico, Bruno foi até o local de trabalho de uma mulher que já se envolveu com ele e diz ter sido agredida pelo médico. Ela conta que ele a procurou – ele já a perseguia desde abril, quando os dois se conheceram em um bar.

A mulher diz que naquele momento tinha apenas uma amizade com o agressor e não tinha a intenção de namorá-lo.

 

“E aí ele falou: ‘Você não quer namorar comigo porque você está com outro? Desbloqueia o celular’. ‘Não, não vou te dar o meu celular, não tenho essa obrigação’. Foi aí que ele me jogou no chão, começou a me chutar, me pegou, bateu na minha cara", contou.

 

"Na hora que eu cheguei no elevador, ele já conseguiu me pegar e me levou para dentro do apartamento de novo, entrei para o banheiro e foi aí que ele me empurrou, e eu torci a perna e machuquei o joelho.”

A mulher contou que a partir daquele momento começou a pensar o que precisaria fazer para se livrar daquela situação.

 

“Qual era o meu plano de fuga? Ele se acalmou, deitou na cama, tomou o remédio. E aí que eu fugi”, relatou.

Ofensas a funcionários de prédios

 

Bruno Cozzolino queria uma toalha no hotel onde estava hospedado e foi orientado a se dirigir à piscina. Revoltado, xingou o recepcionista. — Foto: Reprodução/Fantástico

Bruno Cozzolino queria uma toalha no hotel onde estava hospedado e foi orientado a se dirigir à piscina. Revoltado, xingou o recepcionista. — Foto: Reprodução/Fantástico

Além de ao menos outros dois casos de agressão a ex-namoradas registrados pela polícia, Bruno ofendeu um funcionário do edifício onde os pais dele moram – local onde ele já era proibido de entrar.

 

“Lugar de macaco é no zoológico”, disse o médico.

 

De acordo com o processo, ele fez um acordo com o funcionário e pagou uma indenização de R$ 5 mil.

Em outro caso, ele estava hospedado em um flat no Rio de Janeiro e foi até a recepção pedir uma toalha. Ao ouvir do recepcionista que aquele não era o local onde ele conseguiria o item, o médico deu um tapa em um livro e atirou uma caneta no balcão.

"Eu sou médico, e vocês são suburbanos", falou.

 

 

Injúria racial e ameaça a funcionários

No consultório onde Bruno atendia, em um prédio de São Paulo, ele também insultou funcionários. Tudo começou porque ele se irritou ao ver uma pessoa pedindo dinheiro na loja vizinha ao edifício. As recepcionistas Naiane Queiroz e Joyce Alves contaram que explicaram ao médico que não poderiam atender ao pedido dele.

“Aí começou a baixaria. ‘Vocês não são competentes para trabalhar na recepção. Uma hipopótamo, a outra preta, negra’. E aí ele veio para cima de mim, e o faxineiro entrou na frente", relatou Naiane.

 

Segundo ela, ele disse ao funcionário: "Você quer se meter também, seu macaco? Eu dou um tiro na sua cara e na cara dela".

Naiane não está mais trabalhando no edifício. Ela diz que tem dificuldade de se olhar no espelho depois das agressões verbais. Já Joyce segue no local. Bruno, por sua vez, não tem mais consultório no prédio.

 

O que diz o médico

 

A reportagem do Fantástico tentou entrar em contato com o médico, que não respondeu às ligações. A advogada do médico também foi procurada, e disse que ele prefere não se manifestar.

Quando Bruno foi procurado pela polícia para responder sobre a agressão a uma de suas ex-namoradas em 2021, a defesa dele apresentou um relatório psiquiátrico que diz que ele tem transporto de humor bipolar, ansiedade, de múltiplas substâncias, e transtorno obsessivo compulsivo grave, e que não deu continuidade ao tratamento.

Então preso nesta ocasião, ele foi solto sob a necessidade de ser feita uma perícia para que se fosse verificada a condição psiquiátrica dele. No entanto, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo, o Ministério Público arquivou o caso sem que a perícia fosse feita. O Ministério Público não respondeu aos contatos da reportagem.

Fonte: G1 

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