30 de agosto de 2023

Banco do Nordeste lança edital de R$ 20 milhões para incentivar produção de hidrogênio verde no RN

Autor: Daniel Menezes

Do Saiba Mais

Por Mirela Lopes

O Rio Grande do Norte tem, atualmente, nove projetos em diferentes estágios para instalação de fábricas de eletrolisadores, dispositivos necessários para a separação das moléculas de hidrogênio e oxigênio, que resulta na produção de hidrogênio verde. A primeira fábrica do RN a receber licença ambiental nos próximos dias fica em Caiçara do Norte, mas, outras etapas dessa cadeia de produção vão ganhar novo impulso com o investimento de R$ 20 milhões através do primeiro edital deste ano do Fundeci (Fundo de Desenvolvimento Econômico, Científico, Tecnológico e Inovação), lançado nesta terça (29) em Natal, e gerido pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

Por meio do edital do Fundeci, pesquisadores que atuam em empresas e instituições de ensino vão garantir o financiamento dos estudos e projetos voltados para a indústria de energias renováveis, principalmente, do hidrogênio verde. O Rio Grande do Norte foi o estado escolhido para receber a verba, justamente, por ser o maior produtor de Energia eólica do Brasil (30% de toda energia eólica produzida no país vem do RN).

Vimos de um tempo recente no qual o governo central negava a ciência. Felizmente hoje estamos fazendo o contrário, estimulando o conhecimento e a produção científica“, comemorou a governadora do Estado, Fátima Bezerra (PT), durante o lançamento do Fundeci, no auditório da Escola de Governo, em Natal.

Além dos nove projetos para instalação de fábricas de eletrolisadores, o RN também possui pesquisas em andamento em universidades, como a UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), e centros de pesquisa, que poderão ter acesso aos recursos previstos no edital para aplicar na melhoria dos processos de avanço tecnológico para uma transição energética mais rápida e efetiva. Ao todo, os projetos poderão receber financiamentos que variam entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão cada, com prazo de execução entre 12 e 36 meses.

Os estados do Nordeste já são produtores de energias renováveis e o propósito é que tenham uma matriz diversificada, que possam avançar na pesquisa e desenvolvimento de tecnologia para aplicação na cadeira produtiva. Novas fontes estão surgindo e uma delas é o hidrogênio líquido, uma fonte nova que ainda requer pesquisa para ser desenvolvida, com processos e métodos para produzir de maneira mais eficiente e com menor custo, o que só vem através de pesquisa”, aponta Hugo Fonseca, coordenador de Desenvolvimento Energético do Estado.

Atualmente, o Fundeci financia 3.500 projetos.

A expansão elétrica no Brasil passa necessariamente pelo Nordeste. No plano mundial, a transição energética, com o interesse crescente no hidrogênio verde, também passa pelo Rio Grande do Norte e pelo Nordeste“, revela Aldemir Freire, Diretor de Planejamento do Banco do Nordeste.

Descarbonização

Banco do Nordeste lança edital de R$ milhões para pesquisas em hidrogênio verde I Foto: Carmem Felix

Banco do Nordeste lança edital de R$ milhões para pesquisas em hidrogênio verde I Foto: Carmem Felix

No cenário inegável de temperaturas mais altas e aquecimento global, vários países têm pesquisado maneiras mais eficientes e baratas de produzir o hidrogênio verde, apontado como a melhor solução ambiental e energética para substituir os combustíveis fósseis, como a gasolina e o querosene, que emitem gás carbônico.

A comercialização no mundo já existe. Precisamos resolver problemas que precisam de pesquisa, como o transporte de hidrogênio instável, que precisa de células de combustível. As indústrias instaladas precisam de pesquisa para que aperfeiçoem seus métodos. Temos projetos considerados de usinas de PeD, não só produzir hidrogênio para venda, mas de maneira eficiente e com menor custo para atender os setores a realizar a transição energética”, detalha Hugo Fonseca.

O problema do hidrogênio verde, considerado o “combustível do futuro”, é que sua produção ainda tem um custo elevado e sua armazenagem em estado líquido é difícil, por ser muito inflamável. A corrida científica, atual, portanto, tem sido para produzir tecnologias eficientes para acelerar esse processo de produção de hidrogênio verde a um custo mais baixo.

O mercado europeu, e, em breve o mundo, já exige cadeias produtivas verde, inclusive para cimento e aço. O presidente Lula da Silva determinou que o desenvolvimento econômico deve estar associado ao desenvolvimento ambiental e social“, pontua o presidente do BNB, Paulo Câmara.

O hidrogênio verde dispensa a queima de combustíveis fósseis para se transformar em energia, o que é conseguido a partir de um processo físico-químico (eletrólise) que separa as moléculas de hidrogênio e oxigênio da água. Fontes renováveis de energia solar, eólica ou biomassa são adicionadas a esse processo, cujo único resíduo gerado é o vapor de água.

“Todos os países buscam produzir com custo competitivo no mercado, para isso é preciso desenvolver tecnologia. Para o Brasil isso é fundamental porque dá segurança ao país, que não fica dependendo da importação de tecnologia de outros países, cria um know-how e desenvolve toda uma cadeira de valor. Temos pesquisas de armazenamento de energia, o Instituto Senai vai inaugurar um laboratório dia 05 nesse campo. Queremos produzir hidrogênio verde com maior eficiência e menor custo”, projeta Hugo Fonseca.

Nos próximos dias o Governo do Estado também vai lançar edital para estimular a pesquisa científica no âmbito do Parque Tecnológico do RN, localizado em Macaíba. “Vamos disponibilizar R$ 1 milhão em recursos próprios para estimular projetos inovadores no campo das energias limpas”, antecipou Fátima Bezerra, que concluiu: “o lançamento do novo Fundeci no RN significa o reconhecimento do protagonismo do nosso Estado no campo das energias renováveis. Investimos muito neste setor, inclusive em convênio com a UFRN, para definirmos o melhor local para implantação do porto-indústria verde, que será em Caiçara do Norte. O sol e os ventos do RN não são mais apenas atrativos turísticos, mas a base da nova matriz energética que o mundo precisa. Quero ressaltar também que a transição energética precisa ser justa, inclusiva e sustentável“.

[0] Comentários | Deixe seu comentário.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.