1 de setembro de 2023

SP afasta profissionais responsabilizados por “graves erros” em material didático da rede estadual de ensino

Autor: Cecília Marinho

A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo (Seduc-SP) afastou, na quinta-feira (31), os servidores apontados como responsáveis pelo que a pasta chamou de “graves erros” contidos no material didático digital fornecido aos estudantes da rede estadual de ensino. A CNN teve acesso a três trechos do conteúdo didático, que expõem erros nas disciplinas de história e biologia.

Em uma das passagens, o texto afirma : “A proibição do uso de biquínis foi adotada por Jânio Quadros em 1961, quando ele era prefeito de São Paulo. Ele emitiu um decreto vetando o uso de biquínis nas praias da cidade. A justificativa de Quadros era que o traje de banho seria uma afronta à moral e aos bons costumes. Esse impedimento também causou grande repercussão na época e gerou protestos de mulheres”.

O uso de biquínis foi, de fato, proibido por Jânio Quadros, mas nas praias brasileiras, quando ele era presidente da República. A cidade de São Paulo não é litorânea.

Trecho de um material didático da rede estadual de ensino de SP / Reprodução

Ainda na disciplina de história, outra parte do material traz a seguinte informação errada: “Em 1888, Dom Pedro II assinou a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil”. A Lei Áurea, na verdade, foi assinada pela Princesa Isabel na referida data. (Veja na foto de destaque).

No material de biologia consta que doenças como Parkinson e Alzheimer podem ser transmitidas pela água, por meio da ingestão de metais pesados, como mercúrio, agrotóxicos, remédios e produtos químicos em geral.

No caso do Alzheimer, uma possível causa para a doença ainda não foi identificada e a hereditariedade é considerada um fator de risco.

O mesmo fator é relacionado ao mal de Parkinson. Neste segundo caso, há pesquisas que indicam que a exposição a toxinas, como agrotóxicos, podem ter causado o desenvolvimento da doença em algumas comunidades.

Trecho de um material didático da rede estadual de ensino de SP / Reprodução

Repercussão

O Coletivo Educação em Primeiro Lugar, que é comporto por deputados estaduais da oposição em São Paulo, divulgou o caso e afirmou ter acionado a Defensoria Pública, o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado para apurar a situação. A CNN procurou os órgãos mencionados para apurar o andamento do caso e aguarda retorno.

Além do afastamento dos envolvidos, por meio de nota, a Seduc-SP também diz que o conteúdo é editável e os erros apontados já foram corrigidos. ” coordenadoria pedagógica da instituição vai reforçar a equipe de revisão para que haja aprimoramentos constantes nos recursos didáticos, sempre em total harmonia com o Currículo Paulista”, completou a secretaria.

Polêmica recente

No mês passado, a Secretaria Estadual da Educação divulgou a decisão de não receber mais livros didáticos físicos do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD).

Na ocasião, a pasta da educação informou que usaria conteúdo 100% digital para alunos a partir do 6° ano do ensino fundamental, e disse que o estado possui material didático próprio e que isso manteria a coerência pedagógica.

Logo depois do anúncio, o Grupo de Atuação Especial de Educação (Geduc) do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instaurou um procedimento para apurar a decisão após solicitação realizada pelo deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL). Para o parlamentar, “os textos presentes nos livros didáticos são os únicos a que muitos alunos têm acesso. Privá-los de receber materiais rigorosamente avaliados e oferecer material apenas digital é uma verdadeira tragédia”.

Após a repercussão do caso, o governo de São Paulo decidiu recuar da decisão de oferecer apenas livros digitais para alunos das escolas estaduais. O governador Tarcísio de Freitas disse, em agenda pública no interior do estado, que irá disponibilizar o material didático de forma impressa e digital, ficando a critério do aluno escolher.

Fonte: CNN Brasil

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