14 de setembro de 2023

Ex-assessor de Jair Renan Bolsonaro é intimado para depor sobre sociedade em empresas investigadas

Autor: Cecília Marinho

Diego Pupe trabalhava com filho do ex-presidente até o ano passado

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) intimou Diego Pupe para prestar depoimento na tarde desta quinta-feira (14). Pupe era assessor de Jair Renan Bolsonaro, filho mais novo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Uma conversa com os investigadores chegou a ser agendada há três semanas, mas foi cancelada. Agora, foi marcado um depoimento formal. À CNN, o influenciador digital afirmou que responderá às perguntas dos policiais.

A investigação é sobre um suposto esquema de lavagem de dinheiro e associação criminosa. Os investigadores do Departamento de Combate ao Crime Organizado e Corrupção (Decor) querem saber do ex-assessor a relação de amizade entre o filho do ex-presidente e o instrutor de tiros. Segundo Pupe, os três viajavam juntos.

Jair Renan e Diego Pupe também praticavam aulas de tiro na academia investigada pela PCDF, a 357. O dono do clube de tiros era Maciel Carvalho, que foi preso na manhã de 24 de agosto. A empresa, porém, foi repassada para Marco Aurélio Rodrigues.

A Polícia Civil suspeita que Rodrigues era “testa de ferro” para “esconder” os verdadeiros donos. A empresa de eventos na qual Diego Pupe trabalhava com Jair Renan também foi repassada em março deste ano. A polícia investiga ele como um “elo” de possível lavagem de dinheiro.

Alvos da operação

O principal alvo da operação da Polícia Civil foi justamente Maciel Alves de Carvalho, acusado de ser o cabeça do esquema e instrutor de tiro de Jair Renan. Carvalho foi preso na operação. A suspeita é de que ele usava o clube de tiros como fachada para a compra e venda ilegal de armas.

A polícia investiga também a abertura de contas no nome dos envolvidos na operação e ainda apura qual seria o papel do “filho 04” do ex-presidente Bolsonaro no esquema. A investigação apontou para a existência de uma associação criminosa com três eixos.

O ponto de partida são empresas no nome de Marco Aurelio Rodrigues. Ele aparece como sócio administrador da Academia de Tiro 357, com capital social de R$ 3,5 milhões, e da RB Eventos e Mídia LTDA, com capital social no valor de R$ 105 mil.

A Academia de Tiro 357 foi aberta em 2011, e repassada para Marco Aurelio em 2021. Já a empresa de eventos pertencia a Jair Renan até março de 2023, quando também foi transferida para Marco Aurelio.

O segundo ponto é que os investigadores veem Marco Aurelio como um “laranja”, para ocultar o verdadeiro proprietário das empresas de fachada. “A investigação aponta que diversos suspeitos teriam dado vida a pessoas falsas e aberto empresas visando obter vantagem indevida financeira”, detalhou o delegado à frente do caso, Marco Aurélio Sepúlveda.

Além disso, de acordo com as provas da investigação, Maciel Alves e um de seus comparsas fizeram “nascer” a falsa pessoa de Antonio Amancio Alves Mandarrari, cuja identidade falsa foi usada para abertura de conta bancária e para figurar como proprietário de pessoas jurídicas na condição de “laranja”.

De acordo com fontes da investigação, o comparsa seria Eduardo Alves, que teve mandado de prisão expedido na operação “Nexum”, mas não foi localizado e é considerado foragido.

A polícia deve ouvir outras pessoas ligadas às empresas nos próximos dias.

Na época da operação, a defesa de Jair Renan disse que ele ficou surpreso e absolutamente tranquilo com o ocorrido. Maciel Alves afirma que ainda não teve acesso ao processo e não sabe o motivo da prisão. A CNN tentou contato com Marco Aurelio Rodrigues por meio de telefones da Academia de Tiro 357 e também procurou Eduardo Alves. Mas não obteve retorno.

Fonte: CNN Brasil 

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