8 de janeiro de 2024

Quando é que Álvaro Dias pedirá perdão aos natalenses pelas mortes que causou?

Autor: Daniel Menezes

Aqui em Natal durante a pandemia de covid tivemos a festa macabra da ivermectina e da cloroquina. Bastava ir a um centro de atendimento municipal com sintoma de tosse para já sair com o chamado kit-Covid. Na imprensa, médicos negacionistas mentiam e enganavam uma população amendrontada. Associações médicas estaduais chancelavam tudo a partir de estudos falsos. Jornalistas abusavam das fake news pelo seu mito.

E foi aí que o prefeito Álvaro Dias, até então um desconhecido na cidade, viu a janela de oportunidade para garantir a sua reeleição. Praticou distribuição em massa de ivermectina, alegando que era um remédio capaz de proteger contra o vírus mortal. E, se protegia, todo mundo poderia levar vida normal. Não é de surpreender que Natal terminou com índice de contágio e morte por covid superior a média estadual e nacional.

Um médico me deu a melhor definição sobre a distribuição de remédios ineficazes na pandemia pelo Prefeito de Natal em busca da reeleição: "ele usa o sistema imunológico dos eleitores como cabo eleitoral. Se sobreviver, o mérito é do Prefeito que deu o placebo. Se morrer, a culpa é da Covid".

Só que os dados são avassaladores. Os medicamentos não eram apenas uma pastilha qualquer. Já há consenso científico sobre a mudança de comportamento social de maior exposição ao vírus entre os que acreditaram que o coronavírus tinha proteção e cura – em contágio, óbito e inclusive recusa da vacina que depois chegou. E, além disso, o uso da cloroquina elevou o número de mortes entre usuários alcançados pela pandemia. Ora, os alertas não foram poucos dando conta de que isto aconteceria. Tivemos a UFRN, a ANVISA e a OMS, para ficar apenas nessas instituições, alertando que a estratégia negacionista levaria milhares para o caixão.

Alinhado ao bolsonarismo e só pensando em sua reeleição, Álvaro Dias não quis saber de mais nada. Ignorava todo o bom senso e ia para as rádios ensinar o dito protocolo profilático, elaborando ilegalmente prescrição em massa, já que era mais trabalhoso conscientizar e enfrentar com os recursos de fato eficazes. De forma imediata, usando o poder da máquina para alimentar ilusões e fazer ampla divulgação na mídia alinhada, agradava quem queria remédio e jogava com a abertura de tudo, como se nada estivesse ocorrendo naquele momento.

Quando é que o prefeito de Natal irá pedir perdão sobre o que fez? A pergunta é retórica. Seu esforço para entrar para a história como intelectual e moderado, forçando o seu ingresso na academia de letras será em vão. A história já reservou um lugar bastante claro para ele. Aquele que, em plena pandemia, foi para a TV dizer: “se funciona in vitro, funciona em vivos”.

[0] Comentários | Deixe seu comentário.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.