A pré-candidatura de Paulinho, um exemplo de que 2024 não será moldado pela disputa entre Lula x Bolsonaro

Autor: Daniel Menezes

A polarização Lula X Bolsonaro para explicar o pleito de 2024 é conversa de preguiçoso, de quem não quer registrar as nuances.

O deputado federal Paulinho Freire, por exemplo, lançou recentemente candidatura a prefeito de Natal. Ele vota com Lula na Câmara Federal.

Paulinho recebeu o apoio do senador StyvensonValentim que faz parte da mesa diretora do senado presidida por Rodrigo Pacheco, que derrotou Rogério Marinho, hoje líder da oposição.

Mas Rogério Marinho também estava lá na festa de lançamento dando o endosso a postulação de Paulinho. O PL de Jair Bolsonaro e presidido por Marinho no RN se juntará, portanto, ao União Brasil, partido da base de Lula.

Para isso, Rogério Marinho escanteia o bolsonarista raiz, o deputado federal General Girão, que queria ser candidato a prefeito também em Natal pelo pelo PL, agremiação que é filiado.

É possível constatar ainda a presença de deputados estaduais bolsonaristas e/ou ligados ao "partido da assembleia", hoje liderado por Ezequiel Ferreira e que é aliado da governadora Fátima Bezerra (PT). Há vereadores de centro, centro esquerda e extrema direita. E ainda consta o deputado federal Benes Leocádio, que vota com o governo e tem indicações na máquina federal.

Veja. A lógica é moldada por interesses e estratégias locais de atores que se movimentam em torno de concertações que passam bem distante da ideia de nacionalização. Natal, que é das poucas cidades do RN em que bolsonarismo tem força, não terá eleição municipal formada por Lula x Bolsonaro. Agora imagina o interior em que a extrema direita praticamente não existe.

Falar em eleições municipais a partir da polarização seduz, mas deixa de lado o fundamental - a realidade.

PS. Enfatizei o caso de Natal como exemplo dentro das terras potiguares. Haverá variação de estado para estado, de cidade para cidade. Mas esta complexidade reforça o meu argumento e não o contrário.

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