14 de março de 2024

Djalma Maranhão e o comício da central do Brasil

Autor: Daniel Menezes

O jornalista Marco Antônio Tavares Coelho, então deputado federal, narra seu encontro há 50 anos com o prefeito de Natal, o socialista Djalma Maranhão, na Cinelândia, Rio de Janeiro, em 14 de março de 1964, um dia depois do famoso comício da Central do Brasil. 

Djalma Maranhão foi um crítico do processo de radicalização artificial que se verificou no pré-64. Era irmão do professor e ex-deputado estadual potiguar Luiz Ignácio Maranhão Filho, um dos 11 membros  do Comitê Central do antigo PCB a figurar na lista dos desaparecidos políticos.  

[...] deparei também com Djalma Maranhão(...). Chamou-me porque desejava transmitir sua angústia a alguém da direção do PCB. Não me esqueço de sua figura e de seus gestos. Alto e gordo, moreno, deu-me a impressão de um urso ao caminhar em minha direção. Pegou em meu braço e com energia foi explodindo: “Vocês estão loucos? Não estão vendo que vamos ser liquidados?” Foi nesse diapasão que ele desfiou a análise de nossa marcha para o precipício. Contestei o que dizia. Entretanto, a força de seus argumentos era inegável. Registro essa opinião de Djalma Maranhão porque, antes do golpe de Estado, foi o único, dentre as pessoas com responsabilidade política, de quem ouvi um julgamento certeiro sobre a real situação que enfrentávamos.

Do livro de Marco Antonio Tavares Coelho, Herança de um Sonho. As memórias de um comunista. Editora Record. Rio de Janeiro. 2000.  

 

Texto de 14/3/2014.

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