28 de março de 2024

Em Brasília, Macron cita 8 de janeiro e diz que Praça dos Três Poderes foi maltratada por inimigos da democracia

Autor: Redação

Do g1 - O presidente da FrançaEmmanuel Macron, citou nesta quinta-feira (28) os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e afirmou que a Praça dos Três Poderes – local onde estão localizados o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional – foi maltratada por inimigos da democracia.

O presidente da França deu a declaração, que foi traduzida simultaneamente pelo governo brasileiro, depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto.

Macron cumpre agenda no Brasil nesta semana. Antes de visitar Brasília, o francês esteve no Pará, no Rio de Janeiro e em São Paulo.

 

 

"Toda minha comitiva e eu, pessoalmente, nos sentimos imensamente honrados de estarmos hoje aqui ao seu lado, hoje, aqui, neste lugar, nesta Praça dos Três Poderes, que foi atacada, destruída praticamente, ou, pelo menos, bastante maltratada pelos inimigos da democracia. A maneira com que [Lula] conseguiu reconstituir os equilíbrios da democracia e levar a cabo esse debate internacional significa muitíssimo para nós", declarou Macron.

 

Ele acrescentou que a democracia brasileira teve "força" para resistir a ataques golpistas. "Com uma alternância democrática, restaurando plenamente e integralmente todos os equilíbrios", completou o francês, segundo a tradução feita pelo governo brasileiro.

Após a declaração ao lado de Lula, Macron se reuniu com o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e parlamentares, no Congresso Nacional. Em uma fala aberta à imprensa, o presidente francês voltou a exaltar a democracia brasileira, que classificou como "muito viva".

 

"A democracia brasileira é muito viva. O que aconteceu nos últimos anos, tudo o que tem sido feito, tem sido para nós uma fonte de inspiração, vendo a capacidade de resistência que vocês têm aqui", disse em pronunciamento traduzido simultaneamente pelo Senado.

 

No dia 8 de janeiro de 2023, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e vandalizaram as sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário em Brasília. A Polícia Federal investiga quem foram os mentores dos atos e também se Bolsonaro e aliados tentaram dar um golpe de Estado após as eleições de 2022, que foram vencidas por Lula.

 

Emmanuel Macron, que assumiu a presidência da França em 2017, é um desafeto do ex-presidente brasileiro. No período em que Bolsonaro presidiu o Brasil, os dois trocaram farpas publicamente.

 

Na declaração à imprensa, Macron destacou o posicionamento do governo brasileiro em relação ao processo eleitoral venezuelano.

As eleições no país governado por Nicolás Maduro estão marcadas para o dia 28 de julho. Após a inabilitação de opositores do presidente venezuelano e o anúncio da oposição de que uma candidata foi impedida de se inscrever no pleito, o Brasil divulgou uma nota em que diz ver as eleições no país vizinho "com preocupação".

 

Em comunicado emitido pelo Ministério das Relações Exteriores, o Brasil cobrou explicações para o impedimento de registro da candidatura de Corina Yoris.

Macron disse que a posição de Lula foi "ótima" e disse que concorda com a iniciativa brasileira para tentar "encontrar uma saída para a crise" na Venezuela.

Questionado sobre o tema nesta quinta-feira (28), Lula disse considerar grave o impedimento da candidatura de Corina Yoris.

Lula disse que conversou com Nicolás Maduro e disse que seria essencial garantir o processo democrático no país, porque é "importante para a Venezuela voltar ao mundo com normalidade". No entanto, o petista afirmou acreditar que a candidata tenha sido prejudicada.

Questionados sobre os entraves impostos pela França sobre o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, o presidente Lula afirmou que a negociação não envolve apenas França e Brasil, mas sim dois blocos e que, se Macron tivesse que reclamar com alguém, deveria ser com a própria União Europeia e seus negociadores.

O presidente francês, por sua vez, voltou a afirmar que o texto do acordo tem mais de duas décadas e que não traduz as premissas de sustentabilidade que a França deseja implementar para a economia.

De acordo com Macron, não faz sentido defender a bioeconomia e processos de produção que respeitem ao meio ambiente e firmar um acordo que incentivam produtos que não seguem esses padrões.

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