13 de outubro de 2024
Quem é contra a família
Autor: Daniel MenezesVocê conhece alguém deliberadamente contra a família? O que as estatísticas e pesquisas de opinião mostram é que, se há alguém "contra" a família, é o jovem. A nova geração não quer mais se casar e ter filhos. E os que se casam, se separam mais rapidamente. Ainda assim, ele não é contra a família de fato. Apenas está reconfigurando, no seu dia a dia em seu fazer anônimo coletivo, as relações. Obviamente outros modos de organização familiar irão surgir.
Dizer que alguém é contra a família ou se apresentar como sendo a favor dessa instituição é apenas um modo de produzir uma fala políticamente correta com elementos não ditos. Caro leitor, é importante analisar o discurso e compreender o que vem atrelado a essa alegação, a intenção oculta.
Ora, acusar alguém de ser contra a família é um meio de atacar quem defende direitos da comunidade LGBT. Incomodado com a sexualidade alheia, que nada deveria lhe dizer respeito, não é capaz de falar, na maioria das situações, abertamente. Daí usar como escudo uma falsa preocupação com as crianças, você já deve ter ouvido em conexão direta.
Balela. A nova geração está dando de ombros para isso. São as gerações anteriores que percebem que seu mundo está morrendo e desenvolvem uma relação de saudosismo para com o passado, querendo um retorno idealizado ao que já foi superado. Não é fácil perceber que, numa modernidade de mudanças aceleradas, nós estamos ficando para trás e quem chega transforma as interações sociais.
A família também serve de escudo para outro desejo inconfessável - impedir a reconfiguração das relações a partir da alteração do papel que a mulher desempenha na sociedade. Trata-se de uma marcha da história que é impossível frear, mas o homem, antes senhor de tudo e de todos, vive uma crise da masculinidade. Sim, ele elabora estratégias - compra armas, resgata uma cultura do troglodita e tenta se reafirmar, votando mais à direita do que as mulheres conforme os levantamentos feitos em democracias ocidentais. Só que será em vão. No capitalismo flexível, a força bruta não é mais relevante e a mulher desde a década de 60 só avança em busca do seu espaço.
Só está contra a família quem desmantela o direito ao descanso, às políticas sociais e aos serviços públicos, de maneira a impedir que o seio familiar, não importa qual seja ele, sirva de anteparo ao trabalho estafante. Estes são os verdadeiros inimigos da família, pois impede que ela se reproduza. No mais, resta apenas aquela velha e sempre presente hipocrisia de ocasião.
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