25 de novembro de 2024

O plano de golpe segundo a comunicação da extrema direita de Natal

Autor: Daniel Menezes

Assisti/li a alguns veículos de Natal nos últimos dias e fiquei impressionado com a realidade paralela instalada. Fazia muito tempo que não escutava tal conteúdo. Para mim, não faz diferença se a pessoa é de esquerda ou de direita, pois a inteligência não está atrelada a ideologia. Só que quero ouvir informação e análise, não mentira e baixaria. Quando isto ocorre, não fico acompanhando para rebater. Simplesmente descarto.

Pois bem, fiquei curioso para saber como o plano de golpe está sendo retratado, já que só vivendo em dissonância cognitiva crônica ou sendo cínico contumaz para não perceber que estamos diante de batom na cueca. E para nenhuma surpresa, o plano de golpe não existiu conforme a extrema direita local.

A ideia central é que tudo não passa de uma narrativa, uma cortina de fumaça. Aí fico pensando - governo, judiciário e polícias se uniram para produzir todas aquelas provas? Os áudios combinando as ações foram forjados? Os documentos com planos, armas a serem utilizadas etc foram editados por terceiros alheios aos fatos? As orientações para a manutenção de acampamentos e produção de desordens em rodovias, que de fato aconteceram, surgiram do nada? Essas perguntas óbvias diante da afirmação de que tudo não passa de uma "narrativa" não são respondidas.

Além disso, é bizarro supor que todos os poderes estão reunidos para soltar tudo no momento oportuno, isto com dezenas de autoridades, centenas de policiais, todos em conluio totalmente sincronizados, sem nada vazar, para lançar uma cortina de fumaça. E para quê toda essa cortina? Para encobrir um reles xingamento da primeira dama, que já foi noticiado em todo o país, contra um empresário americano. A última vez que o Brasil viu essa estória foi quando, durante a pandemia, os mesmos diziam que as mortes por covid não existiam e eram plano da Globo e da oposição para desgastar Bolsonaro. O resultado real é de conhecimento de todos. E quem caiu nessa mentirosa conspiratória terminou num caixão.

A gravidade de um plano de golpe é tratada como algo qualqer, como se fosse um descuido e não o crime mais grave em estados democráticos, pois golpes são dados para matar muito e roubar bastante. Aí no máximo o que temos são pessoas de baixo escalão, aloprados isolados, que fizeram alguns atos sem muita consequência.

Nessa fase, reina um misto de mentira e realidade alternativa - não há generais envolvidos, três inclusive que já entregaram Jair Bolsonaro. O secretário pessoal de Bolsonaro some nas dezenas de conversas trocadas com líderes de acampamentos e realizando ações em prol do golpe. Os telefones em seus GPSs e outras provas sobre os envolvidos não geraram a localização dos envolvidos em reuniões no palácio do planalto e na casa de Braga Neto. E há mais, muito mais. Mas tudo é ocultado para caber no multiverso paralelo.

Ai pronto - Bolsonaro, que passou trinta anos defendendo um golpe no Brasil e fez de tudo para realizar um durante o seu governo e após a derrota, aparece como um democrata vítima do sistema mau. Quem é inocente vira culpado e o algoz é cristianizado.

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