28 de novembro de 2024
Mensagens de militares golpistas sobre Rogério Marinho mostram que ele se comportou como um democrata, mas depõem contra tudo que ele vem defendendo
Autor: Daniel Menezes
Mensagens encontradas trocadas entre Mauro Cid, secretário pessoal de Jair Bolsonaro, e o general Braga Neto, candidato a vice em 2022 do mesmo Bolsonaro, dão conta de que o senador Rogério Marinho se colocou contra qualquer tentativa de golpe. Ele defendeu que Jair Bolsonaro tivesse paciência e soubesse esperar até a próxima eleição.
Ora, não importa se foi por cálculo político ou por adesão a valores, o fato concreto é que isto demonstra que Rogério Marinho se comportou como um democrata. Saber respeitar o resultado das urnas quando se ganha é fácil. É na derrota que o democrata aparece.
Ocorre que vem o outro lado. As mesmas comunicações encontradas pela Polícia Federal demonstram que tudo o que Rogério Marinho vem defendendo é falso e a favor da impunidade de membros de seu grupo.
O senador nega que estivemos diante de um plano em processo de execução de golpe. Ora, está claro, inclusive pelo momento em que seu nome é envolvido, que seu discurso é inverossímil e ele soube de tudo por dentro, numa situação em que se encontrava com Bolsonaro frequentemente em face das tratativas para sua então candidatura à presidência do senado. Além disso, sua luta por anistia se desnuda de vez como sinônimo pela busca por impunidade a favor de criminosos notórios.
PS. A imprensa de Natal enfatizou a primeira parte, acreditando em tudo que estava ali trocado em termos de mensagem - e não há razão para desacreditar -, mas continua a se fazer de cega para as próprias consequências do que as mensagens acarretam. Ora, a defesa de Bolsonaro como um democrata, algo como acreditar em papai noel diante de tudo revelado pela Polícia Federal, é uma tentativa de salvar a competitividade da disputa pelo governo do RN em 2026.
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