6 de dezembro de 2024

A eleição mais desigual da história de Natal

Autor: Redação

A operação deflagrada hoje de busca e apreensão pelo Ministério Público, mirando em quatro secretarias de Natal por abuso de poder político e econômico durante a eleição é só a ponta do iceberg. Antes de mais nada, é preciso que se diga: foi a eleição mais desigual da história da cidade, com o uso mais aberto e reiterado da máquina pública na eleição municipal. Desse modo, foi possível retirar Carlos Eduardo do segundo turno - espécie de antecipação do segundo turno no primeiro - e ganhar de Natália no final.

Todas as secretarias funcionaram abertamente para eleger Paulinho Freire e seus vereadores - há fotos de funcionários atuando em horário de expediente em movimentações de rua, denúncias de servidores sendo assediados, terceirizados e áudios. Os questionamentos institucionais aproveitados pela campanha de Natália vieram até de vereadores eleitos que já aderiram agora a Paulinho Freire.

Assim como no primeiro turno, uma mega operação foi montada, utilizando a rede de lideranças comunitárias e vereadores eleitos e não eleitos para transportar os eleitores. Apenas um vereador chegou a colocar no primeiro turno 80 veículos no dia da eleição. Há vídeos deles atuando nas comunidades, inclusive, com carros de som e outras atividade, espalhando conteúdo falso contra Natália, conteúdo este reconhecido como tal pelo pleno do Tribunal Regional Eleitoral na reta final da campanha. 

Esses micro comitês faziam convencimento porta a porta, espalhavam conteúdo apócrifo em pontos de fluxo (igrejas, por exemplo) e distribuição de dinheiro também foi diretamente constatada. Mais uma vez: há vídeos, ações policiais e da justiça eleitoral contra distribuição de dinheiro e formação de rede de transporte de eleitores no dia da eleição.

O PT sabia de tudo o que acontecia e, inclusive, reunindo farto material a judicializando. No fim de semana da eleição, montou uma rede de fiscalização - isto é público e está nas redes sociais dos militantes - para tentar minimizar o impacto, mas foi em vão. 

No domingo da eleição os ônibus sumiram pela manhã. Eleitores não conseguiram votar porque não se locomoveram. O Potiguar veiculou que os advogados da campanha de Natália Bonavides tiveram de ir até a garagem das empresas de ônibus com ameaças, para que a frota fosse liberada.

Tivemos, não por acaso, 32% de alienação eleitoral (branco, nulos e abstenção) e, obviamente, o eleitor bolsonarista anti-lulista é menos dependente de transporte público. Natália ia melhor nas periferias e Paulinho entre os estratos médios e ricos. A tática de cercear o transporte de um dos lados surgiu em 2022 e se espraiou pelo Brasil nesta eleição. E, ora, qualquer pessoa minimamente experiente sabe aonde está voto de quem e como eles se locomovem. Assim como ocorreu com Carlos Eduardo no primeiro turno, Natália sangrou mais com a abstenção.

Para fechar com chave de ouro, a ponte foi iluminada no fim de semana de azul, formando um 44, número de Paulinho. Na segunda feira, ela voltou a ser iluminada de rosa, já que estamos no outubro rosa e não no outubro azul 44.

Foi o dinheiro, o uso da estrutura público e não Paulinho Freire quem ganhou esta eleição. O resto é perfumaria e tentativa de pintar o sol de quadrado. Sobre as investigações, elas irão avançar. Estamos apenas no começo.

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