Na parceria para os shows do Natal em Natal, a Prefeitura entrou com o custo, a iniciativa privada com o lucro e o natalense que bancou tudo terminou no fundão da festa

Autor: Daniel Menezes

O natalense foi pego de surpresa ao visitar os shows do Natal em Natal. Ao tentar se aproximar da festa, descobriu que só botaria os pés mais perto do evento se pagasse 100 reais. É que a prefeitura do Natal fez uma parceria público privada. 

A explicação do poder público, após a raiva manifestada pelo natalense nas redes sociais, foi o grand finale da patacoada. A PPP funciona assim. A prefeitura paga o show de artistas nacionais de renome de mercado - Bell Marques, João Gomes e Dorgival Dantas são algumas das atrações. A STTU e a Guarda Municipal cuidam da segurança, da organização e do estacionamento. O espaço é público, portanto, de todos. Ou seja, o grosso do evento sai do bolso do contribuinte. 

A tal iniciativa privada, que tomou a iniciativa apenas de montar a estrutura, ou seja, o palco, fica com o filé, isto é, ela tem direito a monopolizar os melhores espaços da festa, os que estão próximos ao show. E, além de cobrar 100 reais por ingresso, ainda pode montar bares e restaurantes privados no espaço público.

Em resumo, a prefeitura do Natal entrou com o grosso do custo e o cidadão em geral, que é quem de fato está arcando com tudo, fica lá no fundão. A iniciativa privada - que risco, heim?! - entra com a menor parte do passivo, restando-lhe a obrigação de ganhar com o evento de diversas formas. E, ora, quem ela bota para dentro fica em áreas vips, em que a praça de posse de todos vira arena de separação entre o ser de primeira linha e - me desculpe a palavra dura, mas necessária para caracterizar a hierarquia imposta por quem deveria ser mola de contenção - o refugo.

Era melhor que a prefeitura do Natal tivesse ficado em silêncio. Há quem chame de parceria, mas nem todo pai é capaz de fazer isto por um filho.

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