Ao contrário do que acontece no Natal em Natal, nas capitais do nordeste a iniciativa privada só ganhou o direito de explorar comercialmente eventos de Natal e Reveillon arcando com 100% dos custos

Autor: Daniel Menezes

Após a polêmica envolvendo a prefeitura do Natal, no modo como estabeleceu com a iniciativa privada para realizar os shows do Natal em Natal, o Potiguar recebeu mensagens de produtores culturais - "compare a parceria feita aqui em Natal com as semelhantes nas demais capitais do nordeste. Essa relação é potencialmente lesiva para o poder público". O blog foi comparar e se surpreendeu.

Em Natal, os shows realizados no Natal em Natal foram pagos e organizados pela prefeitura, através da mobilização da guarda municipal e da secretaria de transporte e trânsito urbano em espaços públicos da cidade. Em parceria, a dita iniciativa privada montou estrutura de palco e, com isso, passou a ter direito a cobrar pelas áreas frontais e laterais no entorno dos shows, além de montar bares e restaurantes. Coube a quem não tinha 100 reais para o ingresso ficar no fundão da festa.

Nas demais cidades do nordeste, as prefeituras também estão fazendo parceria com a iniciativa privada e ela passa a ter também direito a instalar camarotes, bares e restaurantes privados em festas de Natal e Reveillon. Mas há um detalhe nada desprezível - as empresas arcam com 100% dos custos, inclusive os shows nacionais, a parte mais cara do evento, diferentemente do que ocorre em Natal.

Cabe citar dois exemplos. O primeiro é da prefeitura do Recife. Diz o Portal Folha de Pernambuco de 27/11/2023:

"De acordo com a prefeitura, o modelo pioneiro na cidade será implementado na praia do Pina, com atrações locais e nacionais. Será feita uma parceria inédita com a iniciativa privada para a realização das festividades. Não haverá custos para os cofres municipais e o acesso da população será gratuito. 

“O mundo realiza grandes festas de Réveillon, atraindo milhares de turistas nesse período. O Recife não pode ficar de fora desse importante circuito. Estamos inaugurando na capital pernambucana um novo formato, com um novo modelo de concessão, que vai contribuir para baratear e abrilhantar essa bonita festa global, que é pública”, destaca o secretário de Turismo e Lazer, Antonio Coelho.

O parceiro privado será escolhido pela Prefeitura do Recife por meio de um processo licitatório. O contrato firmado terá duração de dois Réveillons. A empresa vencedora terá a responsabilidade de realizar todo o evento, da montagem da estrutura à contratação dos shows. A contrapartida será a exploração comercial de uma área próxima ao palco. 

O investimento privado, neste primeiro ano, está orçado em cerca de R$ 7 milhões, segundo a prefeitura. A gestão destaca que este será um "modelo que irá gerar economia de recursos ao erário municipal ao mesmo tempo em que garantirá a munícipes e turistas o acesso a uma estrutura ainda mais robusta e a uma festa à altura da cidade".

Agora, da Prefeitura de Fortaleza no próprio site oficial da prefeitura:

O Réveillon deste ano, realizado dos dias 29 a 31 de dezembro, promete ser o maior da história da cidade, consolidando o evento na agenda da cidade para moradores e turistas. O cachê dos artistas que se apresentarão durante os três dias de evento foi pago, exclusivamente, por 12 empresas da iniciativa privada.

Para o prefeito Sarto, o patrocínio tem sido essencial para a realização do evento, e demonstra a sensibilidade e a visão empreendedora dos empresários. “Serão três dias de shows com grandes artistas pros fortalezenses e visitantes curtirem, se emocionarem e festejarem a chegada do novo ano. Agradeço a todos os patrocinadores que estão conosco nessa grande festa! Uma celebração que estimula o turismo, aquece a economia e favorece a geração de emprego e renda”, afirmou o prefeito.

Do Blog: por qual razão apenas a prefeitura do Natal estabelece uma parceria em que ela arca com os custos principais e a iniciativa privada entra com gastos acessórios, ampliando suas margens de lucro em relação as mesmas parcerias nas demais capitais do nordeste? Em duplo desfavor, claro, o cidadão sem condições de arcar com um ingresso? 

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