O PT perdeu o que sabia fazer de melhor - o nós x eles?

Autor: Daniel Menezes

Estabelecer a comparação entre "Nós x Eles" é atividade legítima se feita respeitando as regras do jogo. É uma importante medida de comparação no sentido de ilustrar para a sociedade os interesses em jogo a partir dos grupos políticos de representação em competição. O PT já foi muito bom nisso. 

Ora, tanto em terreno federal como estadual, o currículo da oposição é deplorável - Jair Bolsonaro produziu imagens trágicas a respeito da formação de filas de famintos em busca de ossos em frigoríficos, gerou a tragédia que foi a pandemia no Brasil e feriu de morte diversos programas sociais - minha casa, minha vida, farmácia popular quase acabaram com o chamado de forma idólatra pelos seus seguidores de "mito". Tínhamos um antigoverno na presidência.

Em âmbito estadual não é diferente. O Rio Grande do Norte atravessou por gestões muito ruins com amplo apoio e participação nas administrações pela oposição histrionica de hoje. Os que hoje falam em mudar o RN na política e na imprensa endossaram Micarla de Sousa, Rosalba e os demais, quebrando o estado e paralisando serviços essenciais. 

Fala-se muito de comunicação, mas os grupos no governo perderam a capacidade de radicalizar a democracia pelos termos aqui descritos e extraídos da cientista política Chantal Mouffe. Não é comunicação, é defender. Não é divulgação, é comparar e lembrar. A questão é política e ela não pode ser pensada como o serviço prestado por uma empresa. Envolve, na verdade, luta.

Sim, a oposição é muito forte nas redes sociais. Mas isto não deveria abrir caminho para que a história seja reescrita. E a disputa pelo passado e sobre o presente se faz no combate de ideias. Não é um dado técnico. Será que os políticos, a militância e representantes das bases sociais dos governos estadual e federal se amansaram e perderam essa capacidade de politização?

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