19 de fevereiro de 2025
Cid afirma que entregou a Bolsonaro US$ 86 mil decorrentes da venda de joias
Autor: Daniel Menezes
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revelou em delação premiada à Polícia Federal (PF) que entregou ao ex-presidente US$ 86 mil provenientes da venda de joias recebidas como presentes durante seu mandato.
Esse valor inclui US$ 68 mil obtidos com a venda de relógios Rolex e Patek Philippe em uma loja na Filadélfia, além de US$ 18 mil provenientes da venda de outras joias em um centro especializado em Miami, ambas localizadas nos Estados Unidos. O montante foi fracionado e entregue a Bolsonaro em espécie em diversas ocasiões, para evitar que fosse rastreado pelo sistema bancário, conforme declarado por Cid.
A declaração foi revelada em um depoimento divulgado nesta quarta-feira 19, após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decidir derrubar o sigilo das delações de Cid. A medida decorre da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de golpe e outros crimes. No mesmo despacho, Moraes notificou os acusados. Caso o STF aceite a denúncia, eles se tornarão réus em uma ação penal.
Em julho do ano passado, a Polícia Federal (PF) indiciou Bolsonaro e mais 11 pessoas no caso das joias sauditas, revelado em março de 2023 pelo Estadão. A PF atribui ao ex-presidente supostos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
No depoimento, Cid relata que Bolsonaro recebeu um conjunto de joias em ouro branco e um relógio Rolex durante uma viagem oficial à Arábia Saudita em 2019. No final de 2021, conforme suas palavras, o então presidente pediu que o ajudante de ordens verificasse o preço de um relógio Patek Philippe, outro presente recebido no Oriente Médio. O interesse pelos valores seria para quitar dívidas relacionadas a multas e processos judiciais.
“No começo de 2022, o presidente Jair Bolsonaro estava reclamando dos pagamentos de condenações judiciais em litígio com a Deputada Federal Maria do Rosario e dos custos com mudanças e transporte do acervo que deveria arcar, além de multas de trânsito por não usar o capacete nas motociatas; Diante disso, o ex-presidente solicitou ao colaborador quais presentes de alto valor havia recebido em razão do cargo”, diz um trecho do depoimento.
Cid afirma então ter recebido a “determinação” de vender o relógio e os demais itens do kit. Ele relata que contou com a ajuda de seu pai, o general da reserva Mauro César Lourena Cid, para encontrar lojas especializadas que comprassem os presentes.
O general entregou US$ 30 mil em espécie a Bolsonaro em setembro de 2022 durante a abertura da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York; US$ 10 mil no final daquele ano, em Brasília, durante um evento da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex); US$ 20 mil em fevereiro de 2023, durante a visita do ex-presidente à residência de Lourena Cid em Miami; e o restante no mês seguinte, por meio do assessor Osmar Crivelatti.
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