20 de fevereiro de 2025

Rogério Marinho volta a pedir anistia após denúncia contra Bolsonaro

Autor: Daniel Menezes

Líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL) continuou a pedir anistia a Jair Bolsonaro (PL) mesmo após o ex-presidente ser denunciado por tentativa de golpe de Estado em 2022.

Nesta quarta (19), um dia após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Marinho participou de uma coletiva de imprensa ao lado de outros nomes da oposição no Congresso e questionou a “isenção” do processo. Um dos presentes era também potiguar, o deputado federal Sargento Gonçalves (PL). Vários parlamentares exibiam cartazes de “anistia já” e “perseguição política”.

Mais tarde, em entrevista à GloboNews, Marinho voltou a insistir na defesa de uma anistia a Bolsonaro e comparou essa situação à anistia dada aos presos políticos da ditadura militar.

“Eu estava ouvindo há pouco o [Fernando] Gabeira, quando ele fazia uma digressão a respeito de golpes militares, de pacificação. O próprio Gabeira é fruto de um processo de anistia. E nós temos no Brasil uma tradição de pacificação, de conciliação. Mais de 40 anistias foram proferidas ao longo da nossa história. E hoje há, é evidente, exageros tão grandes, tão desconformes com a realidade. Você pega uma moça que pinta de batom uma estátua aí para colocar essa pessoa com 17 anos de prisão, você pega uma assassina confessa que matou e esquartejou o seu marido e colocou numa caixa e recebe 16 anos de prisão, como aquela Matsunaga, é evidente que isso não está adequado, não está dentro da realidade, da conformidade”, disse o senador.

O jornalista, escritor e ex-deputado Fernando Gabeira foi um preso político no regime militar e viveu nove anos no exílio. Já a acusação contra Bolsonaro abrange cinco crimes: organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Ainda na mesma entrevista, o líder da oposição no Senado disse ver “muita empatia” dos outros senadores em relação a essa pauta.

“Nós estamos vendo aqui muita empatia dos senhores senadores que entendem que não é possível se dar 16, 17, 12, 14 anos de prisão a pessoas que sequer estavam depredando bens públicos. Esses que estavam depredando, individualizados à culpa, com imagem de televisão, com material de DNA, esses têm que pagar pela depredação. Nós não defendemos depredação e invasão de prédios públicos. Agora, dizer que esse exército de Brancaleone estava querendo derrubar o governo é um pouco demais”, continuou.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que Bolsonaro foi o líder da organização que tentou derrubar a democracia no Brasil. Ainda segundo a Polícia Federal (PF), o ex-presidente sabia e teria concordado com o plano elaborado para assinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. As penas somadas podem ultrapassar 28 anos de prisão em caso de condenação.

Defesa reiterada de anistia

Rogério Marinho vem defendendo sistematicamente uma anistia para os golpistas condenados pelo STF pela participação nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Ele já afirmou, em outro momento, que as penas aplicadas aos bolsonaristas que depredaram as sedes do STF, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto foram “excessivas”.

“Precisamos avançar em direção à anistia e pacificação para retomarmos a normalidade democrática e o respeito às instituições. Uma democracia sólida é feita com ordem, diálogo e respeito aos direitos de todos”, comentou o senador no ano passado após o ataque terrorista contra o STF, na noite de 13 de novembro, protagonizado pelo extremista Francisco Wanderley Luiz.

Tiu França, como era conhecido o radical, foi candidato a vereador pelo PL em 2020 na cidade de Rio do Sul (SC). Ele explodiu duas bombas, a primeira delas em um carro estacionado próximo à Câmara dos Deputados e a segunda, em frente à sede do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele terminou morrendo no ataque terrorista.

Depois do pedido de indiciamento de Bolsonaro pela PF em novembro, junto com outras 36 pessoas, Marinho voltou a falar em anistia, além de defender a candidatura do ex-presidente em 2026, apesar de ele estar inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O senador disse, à época, que ligar Bolsonaro à trama golpista de 2022 é “forçar a barra”.
“A anistia é um instrumento previsto na Constituição e é um ato político, não é jurisdicional”, defendeu Marinho na ocasião.

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