20 de fevereiro de 2025

Vereadora pontua falhas na acessibilidade do prédio da Câmara de Natal

Autor: Daniel Menezes

Do Saiba Mais

Por Fernando Azevedo

A vereadora de Natal Thabatta Pimenta (PSOL) iniciou os trabalhos legislativos na Câmara Municipal nesta terça-feira (18) passando por um momento delicado: seu irmão Ryan se machucou em uma plataforma de acessibilidade do prédio sede do Legislativo. A partir desse episódio, a parlamentar alertou para falhas na área de acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência (PcD) na “casa do povo”.  

O elevador da acessibilidade era muito estreito e machucou o joelho de Ryan, que sangrou e teve que receber um curativo. Thabatta disse que o episódio foi um “constrangimento”. Segundo ela, a plataforma é o segundo elevador do prédio, pois o elevador propriamente dito trava.

Nos stories do perfil no Instagram, Thabatta havia mostrado a empolgação de Ryan em ver sua irmã – que o trata também como uma mãe – começando o ano legislativo. Contudo, stories depois ela expôs o machucado, que teria sido apenas um dos problemas que Ryan enfrentou na Câmara.

Assim como Ryan, o vereador Tércio Tinoco (União Brasil), reeleito em 2024, usa cadeiras de rodas. Mas os dois têm diferentes níveis de autonomia, conforme pontua a parlamentar Thabatta. O irmão dela depende de outras pessoas para atividades físicas e não pode conduzir a própria cadeira, por exemplo. Apesar disso, ela pontua que a Casa deveria ser acessível para todas as pessoas.

“É preciso ter um olhar para todas as necessidades específicas das pessoas. É muito necessário ter esse olhar com urgência para essa parcela da nossa população natalense [com deficiência], que é muita, e precisa desse olhar, inclusive dentro da nossa casa, que é a casa do povo, e o povo precisa se sentir parte disso”, diz. Para ela, o próprio Regimento Interno da Câmara ainda não abrange melhorias necessárias na parte de acessibilidade.

Ela adiciona que a falta de acessibilidade não atinge apenas as PcD, mas também pessoas com mobilidade reduzida, como as pessoas idosas. “A gente já recebeu reclamações de outras legislaturas, que quando tinha audiências públicas e cerimônias que pessoas idosas iam, elas sempre passavam por questões de acessibilidade na Casa. É algo bem amplo”, pondera.

Thabatta, que é vice-presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência, argumenta que a falta de acessibilidade arquitetônica é um dos problemas, mas não o único. Ela ainda citou outros episódios de constrangimento que presenciou ao lado do irmão, como profissionais que não souberam dialogar com Ryan e dificuldades de acesso no plenário.

Ela diz que teve uma reunião com a presidência da Câmara nesta quarta-feira (19) no intuito de expor e cobrar soluções para as questões de acessibilidade. “Amanhã (20), a gente vai sair pela própria Câmara com os profissionais adequados para apontar as questões de acessibilidade. A casa tem um vereador PcD, mas ele ainda tem uma forma de acessar espaços que outras pessoas não acessam, tipo Ryan, que é dependente de outra pessoa”, conta.

Melhorias são necessárias

Thabatta diz que Ryan é uma extensão sua e conta que ele já chegou a ficar visivelmente triste em ocasiões de dificuldades de acesso. Eleita a vereadora mais votada de Natal, com 7.085 votos, ela era vereadora em Carnaúba dos Dantas, no Seridó Potiguar. Lá, diz Thabatta, o prédio da Câmara passou por modificações para se tornar mais acessível. Na capital potiguar, o prédio tem dois andares e precisa se adequar melhor a necessidades específicas. 

Quando assumiu o posto em 2021, segundo informações do UOL Tab, o vereador Tércio passou mais de 49 dias para ter acesso ao seu gabinete na Câmara Municipal. “Sou o único vereador sem gabinete, porque a sala não tem acessibilidade e as reformas não começaram”, ele disse ao UOL no dia 18 de fevereiro de 2021. De lá até fevereiro de 2025, melhorias ainda são necessárias.

Thabatta lamenta as falhas na acessibilidade e diz que seu mandato vai combater o capacitismo estrutural em relação às pessoas com deficiência. “As PcDs precisam se sentir parte daquele lugar, sentir que aquele lugar é acessível para elas. A nossa chegada aqui é também para trazer uma nova perspectiva da situação da deficiência enquanto cuidado, enquanto cuidadora, enquanto mãe, enquanto família”.

Além disso, a parlamentar cita a necessidade de respeito e inclusão dos corpos diversos. “Ele [Ryan] é um corpo diferente, e cada um tem sua particularidade. Então, a casa precisa entender que ele é a minha extensão. E nos próximos momentos, inclusive pensando em audiências públicas e em outros lugares, a casa do povo precisa ser para todo o povo, inclusive para as pessoas com deficiência”, afirma.

“A gente vive num estado que proporcionalmente é o estado com mais pessoas com deficiência. A nossa capital é uma das que tem mais PcDs proporcionalmente em todo o país. Então, a gente precisa trazer um olhar para todas as vivências dessas pessoas com deficiência”, frisa.

Thabatta conclui que a Câmara se mostrou disposta a ouvir os questionamentos apresentados por ela sobre a acessibilidade. “A acessibilidade é isto, é dar acesso às pessoas. É que as pessoas com eficiência queiram e possam passar por todos os lugares que eles queiram”.

[0] Comentários | Deixe seu comentário.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.