21 de fevereiro de 2025

Homofobia: Advogado de vítimas vai responsabilizar agressores e Midway

Autor: Daniel Menezes

Do Saiba Mais - O advogado do casal que foi vítima de homofobia no Midway Mall, na última segunda-feira (17), Douglas Rodrigues, afirmou que buscará a responsabilização tanto dos agressores quanto do shopping pelo incidente. Em vídeo postado nas redes sociais, o representante de Diógenes Alves e Giovany Silva contou que entrou em contato com a assessoria jurídica do estabelecimento comercial, mas que “infelizmente não estamos tendo suporte”.

Diógenes e Giovany foram agredidos com ofensas homofóbicas enquanto estavam na praça de alimentação do shopping por um grupo de quatro homens, aparentando entre 50 e 60 anos de idade, segundo o relato das vítimas. Os agressores xingaram o casal com termos depreciativos como “doente”, “doido” e “viado”.

 

Douglas Rodrigues, advogado das vítimas de homofobia no Midway. Foto: Reprodução

Ao ver o casal de mãos dadas, ainda segundo o relato das vítimas, um dos agressores disse que Diógenes e Giovany tinham que “virar homem” porque já tinha “muito viado no mundo”.

O advogado disse que os agressores foram identificados e que já há um inquérito em andamento para apuração dos fatos. Na quarta-feira (19), Diógenes registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada no Combate a Crimes Raciais, Intolerância e Discriminação (Decrid). Ele estava acompanhado da coordenadora de Diversidade Sexual e de Gênero (Codis) da Secretaria Estadual das Mulheres, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Semjidh), Rebecka de França.

Omissão

Para Douglas Rodrigues, a postura do shopping é de completa omissão em relação ao caso.

“O pior de tudo é que o Midway não se manifesta para ajudar, para acolher as vítimas, pessoas que passaram por uma situação constrangedora dentro do estabelecimento. O shopping tenta jogar a responsabilidade para outras pessoas”, lamentou o advogado.

A assessoria jurídica do Midway Mall isentou o estabelecimento de responsabilidade sobre o incidente dizendo que “a conduta omissa foi da Polícia [Militar]”, mas o representante das vítimas ressaltou que “o shopping é responsável por todo o ato praticado dentro do seu estabelecimento, dentro da sua área”.

No dia do episódio, Diógenes ligou oito vezes para o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp). Três policiais militares chegaram a ir ao shopping, mas para atender outra ocorrência.

Diógenes exibe as oito ligações que fez para o Ciosp. Foto: Agência Saiba Mais

As vítimas continuaram aguardando a chegada da viatura, mas diante da demora, da incerteza se os policias militares iriam ou não e do clima hostil em razão continuidade dos insultos pelos agressores, na frente dos seguranças do shopping, decidiram ir embora.

A assessoria de comunicação da Polícia Militar, em nota, informou que o “Centro Integrado de Operações da Segurança Pública (Ciosp) foi contactado e enviou uma viatura ao local. No entanto, ao chegar ao endereço informado, os envolvidos já não estavam mais presentes”.

Midway insinuou que vítimas mentiram

Douglas Rodrigues afirmou que o Midway Mall, além de não se manifestar, insinuou que as vítimas mentiram porque não teriam ligado para o Ciosp. A própria nota da PM, confirmando que enviou uma viatura ao local a pedido de Diógenes, desmente essa versão do shopping. O advogado lamentou que os policiais não tenham “chegado em tempo hábil para resolver o problema”.

Ele também lembrou que as vítimas foram impedidas de “materializar o que estava acontecendo” pelos seguranças do shopping, que disseram que não era permitido fazer gravações dentro do Midway Mall.

“Vamos continuar buscando a responsabilização tanto dos agressores quanto do próprio Midway. A homofobia precisa ser combatida, os estabelecimentos falam através de seus funcionários. Não foi a primeira vez e não vai ser a última que isso aconteceu”, declarou o advogado.

Repercussão Política

O caso começou a ganhar repercussão política. A vereadora Brisa Bracchi (PT) informou que seu mandato se reuniu com Diógenes, Giovany e o advogado deles, Douglas Rodrigues, para “dialogar sobre a violência homofóbica sofrida pelo casal” no Midway Mall.

O vereador Daniel Valença (PT) manifestou “total solidariedade” a Diógenes e Giovany, classificando as agressões sofridas por eles como “um ato inaceitável de LGBTQfobia”.

“Nosso mandato se coloca à disposição das vítimas para qualquer suporte necessário e reforça a importância da responsabilização dos agressores, bem como da empresa, que tem o dever de garantir um ambiente seguro e respeitoso para todas as pessoas”, declarou o vereador.

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