Lula tinha razão sobre a guerra Rússia x Ucrânia, mas apanhou feio

Autor: Daniel Menezes

Do Metrópoles

Por Ricardo Noblat

O que Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, falou outro dia sobre Lula ele não teria coragem de repetir hoje sobre Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.

Lula sugeriu que Zelensky e Vladimir Putin, presidente da Rússia, negociassem o fim da guerra. Trump simplesmente excluiu Zelensky das negociações com Putin.

Confira o que Zelensky disse sobre Lula em entrevista recente ao Metrópoles:

Recapitulemos as principais falas de Lula sobre a guerra:

• Maio de 2022, antes de se eleger presidente, em entrevista à revista americana Time

“Putin não deveria ter invadido a Ucrânia. Mas não é só o Putin que é culpado, são culpados os EUA e é culpada a União Europeia. Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a Otan? Os EUA e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na Otan’. Estaria resolvido.”

• Janeiro de 2023, ao receber em Brasília o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz

“Acho que nossos amigos chineses têm um papel muito importante. Quero conversar sobre isso com o presidente Xi Jinping. Está na hora de a China colocar a mão na massa.”

• Fevereiro de 2023, em entrevista à CNN

“Foi um equívoco, um erro histórico da Rússia invadir o território da Ucrânia. Precisa ter alguém para dizer: ‘Gente, vamos parar e conversar’, e não tem ninguém fazendo isso.”

• Abril de 2023, durante café da manhã com jornalistas em Brasília

“A Rússia não pode ficar com o terreno da Ucrânia ocupado durante a invasão, mas Zelensky não pode também ter tudo o que ele pensa que vai querer.”

• Abril de 2023, em viagem oficial à China, dirigindo-se aos Estados Unidos

“Parem de incentivar a guerra. Quem é que não está na guerra que pode ajudar a acabar com ela? Somente quem não está defendendo a guerra é que pode criar uma comissão e discutir o fim dessa guerra.”

• Abril de 2023, em rápida passagem por Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos

“Putin não toma a iniciativa de parar. Zelensky não toma a iniciativa de parar. A Europa e os EUA continuam contribuindo para a continuação dessa guerra. Temos que nos sentar à mesa e dizer para eles: ‘Basta’.”

• Junho de 2024, em viagem à Suíça

“Eu não faço defesa do Putin. O Brasil foi o primeiro país a criticar a Rússia pela invasão do país. O que eu não faço é ter lado, o meu lado é a paz. O Brasil tem uma posição definida: estamos dispostos a participar de qualquer reunião que discuta a paz, se tiver os dois conflitantes na mesa, porque senão não é possível discutir a paz.”

À época, a imprensa brasileira bateu forte em Lula porque ele estava viajando muito ao exterior e, supostamente, tinha tomado partido da Rússia. Os bolsonaristas exultaram com as críticas, fingindo-se esquecidos de que Bolsonaro viajou a Moscou para confraternizar com Putin às vésperas da invasão da Ucrânia.

Agora, os bolsonaristas guardam silêncio sobre o que Trump fez com Zelensky e está prestes a fazer com a Ucrânia. E esperam que ele faça algo parecido com Lula e o Brasil. Só não dizem o que poderia ser para não serem acusados de falta de patriotismo.

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