5 de março de 2025
QUE DITADURA É ESSA? Defensor da visão de que há uma ditadura judicial no Brasil, Rogério Marinho só é senador por decisão controversa dada pelo STF
Autor: Daniel Menezes
O senador Rogério Marinho compartilha conteúdos extremistas em seu twitter, alegando que há presos políticos no Brasil. Trata-se de uma menção aos condenados por tentativa de golpe recente. Em uma publicação reposta por exemplo sofisma de um advogado de extrema direita que compara o período ditatorial de 1964-1985 no Brasil descrito pelo filme ganhador do Oscar "ainda estou aqui" com uma imaginada perseguição contra a direita pelo Supremo Tribunal Federal.
Diante deste contexto, cabe levantar um questionamento. Como é que se encaixa nesta argumentação o fato de que o próprio Rogério Marinho, líder da oposição, foi salvo pelo próprio STF num processo em que ele foi condenado em instâncias anteriores por esquema de centenas de funcionários fantasmas no período em que foi presidente da câmara municipal do Natal?
Além de passar o dia espinafrando o governo, direito que uma democracia lhe assegura, como é que esta ditadura vivenciada no Brasil livra da condenação final o líder da oposição e que vive a atacar o próprio tribunal que o salvou?
Vale lembrar que o ministro Dias Toffoli, dias antes de suspender o processo contra Rogério Marinho em decisão unânime contrária da 6 turma do Superior Tribunal de Justiça, esteve no Rio Grande do Norte, visitando e descansando na companhia de membros do governo Bolsonaro do qual Marinho fazia parte.
Depois disso, Toffoli produziu o entendimento de que o fato de Rogério Marinho ter sido o responsável pela nomeação de 900 cargos fantasmas, lista apresentada pelo Parquet, não gera a percepção detalhada de que ele produziu ou se beneficou do crime. Para o ministro, o Ministério Público do RN não foi claro em caracterizar o peculato. Bom finalizar dizendo que nem a subserviente ao governo Bolsonaro Procuradoria Geral da República aceitou o entendimento, tido como controverso de Toffoli, e defendeu manter a ação contra RM. Tudo foi amplamente noticiado e pode ser facilmente encontrado no google.
Foi a partir da suspensão dada pelo ditatorial - na visão do grupo de Rogério Marinho - Supremo Tribunal Federal que ele pôde ser candidato ao senado em 2022 e levar o mandato que hoje ocupa. Do contrário, teria perdido os direitos políticos e se tornado inelegível.
E aí, nobre senador - como é que os fatos acima se encaixam, me permita usar a palavra que a extrema direita adora, na sua "narrativa"?
[0] Comentários | Deixe seu comentário.