Greve dos Professores: Decisão de suspender reajuste do piso não é do Governo Fátima, mas do TJRN

Autor: Daniel Menezes

Do Blog de Daniela Freire

Do Novo Notícias

Os professores da rede estadual de ensino estão ameaçando entrar em greve nos próximos dias porque querem a aplicação do reajuste salarial do piso da carreira referente a 2023, ao mesmo tempo em que eles acusam o Governo Fátima Bezerra de estar contra a categoria por não conceder o aumento.

Ora, não foi a gestão estadual que impediu a aplicação do reajuste do piso referente àquele ano.

Quem barrou foi o Tribunal de Justiça do RN, a pedido do Ministério Público, que entrou com ação acusando de inconstitucional o pagamento dos valores, desde 2012. Inclusive, o Ministério Público Federal também se manifestou sobre o caso e teve o mesmo entendimento do MPRN e do TJRN.

A gestão petista, na verdade, se posicionou favorável à categoria nesse embate judicial, através da Procuradoria Geral do Estado (PGE). Fato que torna imprópria a cobrança do Sinte-RN contra o Estado.

Por isso que setores da imprensa potiguar têm feito questionamentos pertinentes a respeito da tentativa de emparedamento do Governo Fátima pelo Sinte.

É que há, aparentemente, uma enorme intransigência por parte da categoria com uma gestão que notoriamente dialoga e tenta atender aos anseios do setor. Prova disso é que os professores conquistaram neste governo do PT, de 2019 até hoje, praticamente 100% de reajuste do piso salarial. Ou seja, em cinco anos, os professores dobraram a sua renda no RN.

É surpreendente ver que enquanto o Sinte-RN  encurrala e ameaça de greve a gestão parceira, se cala diante do mais absoluto desprezo de certos prefeitos de municípios potiguares pela categoria. Como aconteceu com o ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias, que deixou os professores sem reajuste do piso durante os cinco anos de sua administração e ainda judicializou qualquer tentativa de parada dos professores da capital durante esse período.

Para a postura de Álvaro, que aplicou defasagem de 60% no salário dos professores, o Sinte foi ‘tchutchuca’, diante da postura da governadora Fátima Bezerra, de manter mesa de diálogo permanente, apresentando contrapropostas e pagando piso em todos os níveis da categoria, ele é ‘tigrão’.

No último dia 24 de fevereiro, vale ressaltar, o Governo recebeu o Sinte-RN mais uma vez para uma mesa de conversas. Na ocasião, representantes dos professores até gravaram vídeo e postaram no Instagram do sindicato um relato de que durante a audiência houve “uma tentativa de construção de acordo”. “O governo colocou claramente que não vai apresentar nenhuma proposta que contrarie o que o MP está dizendo”, diz o coordenador geral do Sinte, professor Rômulo Arnaud, nas imagens divulgadas.

Portanto, fica difícil compreender, nesse momento, a ação dos professores. A impressão é de que eles estão atirando em Fátima Bezerra agora e acertando neles próprios no futuro, pois um movimento grevista agora pioraria ainda mais a avaliação da governadora, abrindo espaço para nomes que não dão a mínima para a luta dos professores ganharem fôlego e votos nas eleições de 2026.

Diante disso, fica a pergunta: os professores da rede estadual estão querendo um Álvaro Dias no Governo do Estado? Sem reajustes salariais, sem mesa de negociação e sem direito à greve? Ou mesmo um Rogério Marinho, que é contra o aumento do salário mínimo de acordo com a inflação?

[0] Comentários | Deixe seu comentário.