15 de março de 2025

Encolhimento de Natal não se deve ao antigo plano diretor; trata-se de fenômeno nacional também vivenciado por outras capitais do país

Autor: Daniel Menezes

Durante o processo de revisão do plano diretor de Natal no fim da gestão de Álvaro Dias surgiu o que chamamos na análise de dados correlação espúria, isto é, a junção de duas variáveis que tem interação apenas aparente. Só que na prática elas não se relacionam. Por exemplo, você, caro leitor, junta um monte de roupa suja num canto e aparece um rato. Daí você imagina: roupa suja produz rato. Estamos diante aí de uma correlação espúria, até porque rato não nasce nessas condições.

O mesmo foi feito na alteração do plano diretor de Natal. Uma das alegações para mudar a norma regulatória da cidade foi a de que o antigo PDN incentivava a diminuição de Natal, promovendo a ida dos natalenses para cidades conurbadas da grande Natal. Só que não há interação de determinação. A diminuição das grandes cidades é fenômeno nacional e ocorre por outros fatores, conforme texto que será apresentado logo a seguir do cientista atuarial e professor da UFRN Ricardo Ojima. 

Do Blog: recentemente, outra correlação falsa foi incentivada na esfera pública local. O Sindicato da Construção Civil alegou que o novo PDN gerou o crescimento de negócios imobiliários na cidade. Na verdade, o cenário de mudança também é nacional e se deve o crescimento do crédito, nada tendo relação com o novo PDN. O ex-prefeito Álvaro Dias quis trocar o PDN por outros fatores que não os dois elencados acima.

Especialista explica a queda populacional em Salvador

Jornal A Tarde - A divulgação dos primeiros dados do Censo 2022 nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que as cidades de Salvador, Natal, Belém e Porto Alegre tiveram reduções populacionais acima de 5% nos últimos 12 anos. Embora com percentuais menores, o número de moradores em Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e Rio de Janeiro também encolheu no período. Ao mesmo tempo, foram registrados aumentos tímidos, abaixo de 2%, em São Paulo e Curitiba, sinalizando uma redução no ritmo do crescimento populacional.

Segundo Ricardo Ojima, pesquisador do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), não só no Brasil como em todo o mundo, se observa um movimento demográfico caracterizado pela reacomodação da população nas cidades do entorno das grandes metrópoles. Ele cita o exemplo de Salvador, que teve uma perda de 9,6% no número de moradores, a redução mais expressiva entre todas as capitais. Ojima observa que os censos anteriores já vinham mostrando um salto populacional bastante intenso nos municípios do entorno da metrópole baiana.

Na nova edição, foram detectados aumentos nas populações de cidades como Lauro de Freitas e Camaçari. Quando se considera Salvador em conjunto com os municípios do seu entorno, a perda total do número de moradores cai para 4,7%, bem inferior ao índice de 9,6% registrado de forma isolada pela capital baiana.

“Essa desconcentração da população é uma tendência geral de várias capitais. Esse movimento é observado no país como um todo, sobretudo no Sul e no Sudeste, mas também em outras regiões. Como explicar que Natal diminuiu a população, mas os municípios do entorno tiveram crescimento? A atração da região metropolitana não mais se direciona para sede. Não é só um movimento de população saindo da capital da sede para o seu entorno. Isso também ocorre. Mas as pessoas de cidades menores e de outras localidades que antes migravam para uma região metropolitana procurando a sede, hoje migram se fixando no entorno”, observa.

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