15 de março de 2025
Lula, sua mentalidade e os novos movimentos sociais
Autor: Daniel Menezes
Criado politicamente nas décadas de 70 e 80, Lula é pouco afeito a lógica dos novos movimentos sociais. Daí as escapadas em uma linguagem pouco politicamente correta. É o que temos visto em seu terceiro mandato como presidente.
O presidente Lula foi gestado numa época de sindicatos fortes, disputa pelo combate à desigualdade e pouca ênfase nos novos direitos, tais como a luta das mulheres, respeito à diversidade e reconhecimento no movimento negro. Como homem do seu tempo, no discurso de improviso isto vem à tona comumente.
Sim, é verdade que a imprensa tirou a fala dele de contexto quando ocultou que ele falou que mandava para articulação "essa mulher bonita" em aceno a agora ministra Gleisi e não "uma mulher bonita" como sinônimo de objeto. Tratava-se ali também da tentativa de antagonizar com a recente fala de Jair Bolsonaro, esta sim misógina, de que mulheres de esquerda são feias e incomíveis. Mas no ambiente acirrado, só um pezinho é suficiente.
Como homem de partido que representa bases sociais, Lula foi o responsável pela implementação de agendas caras aos novos movimentos sociais. Só que, não raro, a mentalidade não desaparece.
Não foi a primeira derrapada e não será a última de Lula. E ele é cobrado justamente por representar o que os demais não costumam assumir - a pauta da desigualdade que não se resume à economia. Numa ambiência em que setores da imprensa e da política tentam normalizar a besta fera que é Jair Bolsonaro, é provável que outras situações do gênero apareçam. Como na política ações valem mais do que palavras, o impacto eleitoral no final será pífio.
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