19 de março de 2025
Segundo comunicado da Prefeitura do Natal, os alagamentos em Ponta Negra são normais e vão continuar
Autor: Daniel Menezes
Do Saiba Mais
A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) de Natal afirmou que a Praia de Ponta Negra continuará alagando sempre que houver chuvas intensas na capital potiguar. Em entrevista à Tribuna do Norte, publicada nesta quarta-feira (19), a secretária Shirley Cavalcanti explicou que o problema é causado pela própria topografia da região.
“Esse tipo de fenômeno deve continuar ocorrendo sempre que houver chuvas intensas, devido à topografia da região”, declarou Cavalcanti. Segundo ela, o desnível entre o bairro e a praia faz com que a água escoe em grande volume e velocidade, favorecendo o alagamento da faixa de areia.
A secretária destacou que esses alagamentos podem ocorrer mesmo com chuvas a partir de 40 milímetros em 24 horas, conforme previsto no projeto de drenagem da engorda da praia, concluído pela Prefeitura em 28 de fevereiro. Segundo a Seinfra, os espelhos d’água fazem parte do processo natural de acomodação da nova areia depositada na praia.
Ponta Negra às 14h37 desta quarta – Foto: reprodução/YouTube
Natal estava debaixo d’água desde a sexta-feira (14), mas a Praia de Ponta Negra parou de apresentar poças de água nesta terça-feira (18), após trégua nas precipitações. Choveu, em 96 horas – de sexta a domingo -, acima da média histórica para todo o mês de março.
Contudo, a Seinfra não foi a primeira a abordar o assunto. O titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), Thiago Mesquita, afirmou, no início de fevereiro, que os “lagos”, como classificou, poderão continuar surgindo após chuvas intensas. Na época em que ele falou isso, a obra de drenagem ainda não havia sido realizada.
A reportagem da Agência Saiba Mais tentou marcar uma entrevista com a secretária Shirley Cavalcanti para maiores esclarecimentos, via assessoria de imprensa, mas não obteve êxito. A titular da Seinfra tinha um compromisso pessoal na tarde desta quarta-feira.
Entenda
Desde a conclusão do aterro hidráulico, que utilizou mais de 1 milhão de metros cúbicos de areia ao longo de mais de 4 km de extensão da praia de Ponta Negra, foram registrados vários alagamentos no principal cartão-postal de Natal.
Mesmo a Prefeitura tendo anunciado que a obra de drenagem do aterro hidráulico foi concluída em 28 de fevereiro, a engorda ficou alagada nos últimos dias, como já havia estaddo no final de janeiro e no dia 6 de fevereiro. A previsão é de que, sempre que chova, os transtornos persistam.
Um relatório da Defesa Civil Nacional, financiadora da obra, apontou que a engorda não poderia ter sido concluída antes da finalização da drenagem. “O aterro hidráulico só deverá ser iniciado após a finalização dos dissipadores e demais estruturas de drenagem previstos para área”, diz trecho do documento, divulgado no início de novembro passado, após vistoria feita entre 23 e 25 de outubro de 2024.
A realização das obras de drenagem também havia sido uma das condições exigidas pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) para emitir a licença ambiental para o início da engorda, mas a Prefeitura de Natal, ainda na gestão do ex-prefeito Álvaro Dias (Republicanos), obteve uma decisão judicial obrigando o órgão estadual a conceder a liberação.
A Seinfra havia informado que 16 dissipadores de energia foram instalados para “controlar a vazão das águas das chuvas”. Novos alagamentos não estavam descartados, mas, segundo a assessoria do órgão, as poças de água se “infiltrarão mais rapidamente”.
À época, a Seinfra também disse que os dissipadores diminuirão a força com que as águas das chuvas chegam à praia, formando poças menores, que se infiltrarão mais rapidamente na faixa de areia.
De acordo com informações da Prefeitura, “os 16 dissipadores instalados pela Prefeitura na praia estão todos funcionando. O projeto da drenagem de Ponta Negra prevê que chuvas acima de 40mm não impedirão a formação de espelhos d’água. Como tivemos chuvas de 100mm em 6h nesta sexta-feira (14), essa previsão está se confirmando. Porém, sem formação de voçorocas, a erosão com perda de material”.
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