7 de abril de 2025

Superlotação e falta de profissionais: pacientes esperam mais de 5h em UPA em Natal

Autor: Daniel Menezes

Do G1 - Pacientes esperaram por pelo menos 5 horas para serem atendidos na Unidade de Pronto-Atendimento do Potengi (UPA Potengi), na Zona Norte de Natal, nesta segunda-feira (7).

Quem aguardava por atendimento denunciou, além da demora, superlotação tanto na recepção quanto nos corredores da unidade, além de falta de profissionais e de infraestrutura, com equipamentos e até torneiras quebradas (veja relatos mais abaixo).

Segundo a direção, a demora no atendimento nesta segunda-feira ocorreu devido à falta de profissionais no quadro da unidade, como técnicos de enfermagem, por exemplo.

A direção informou que atende em média 13 mil pessoas por mês, tendo uma média de 450 por dia.

 

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) Natal informou que nesta segunda foi registrada uma demanda maior para atendimentos de pacientes "que apresentam casos menos graves, como síndromes gripais; arboviroses (como dengue, Zika e Chikungunya) e outras patologias não urgentes".

Segundo a SMS, "somados aos atendimentos de casos de urgência e emergência, acarretou em um tempo de espera maior para os pacientes não urgentes".

 

O que diz a secretaria de saúde

 

A SMS informou ainda que a unidade é um serviço de porta aberta e, portanto, "está suscetível a momentos de grande procura pela população, mas que todos os atendimentos estão sendo realizados, e que está agindo para regularizar o fluxo o mais breve possível".

Segundo a pasta, 70% dos atendimentos registrados nas unidades de pronto atendimento não constam como perfil de urgência e emergência, e sim de atendimento de atenção primária.

A SMS disse que o público que deve procurar os serviços das UPAs são pessoas que apresentem casos como:

 

  • febre alta acima de 39 °C;
  • fraturas e cortes com pouco sangramento;
  • parada cardíaca;
  • infarto (dor no peito);
  • derrame (AVC);
  • queda com torção e dor intensa ou suspeita de fratura;
  • reação alérgica grave;
  • mordida de animais;
  • acidente de carro/moto;
  • cólicas renais;
  • falta de ar intensa;
  • crises convulsivas;
  • ferimento por arma de fogo ou objeto cortante;
  • dores fortes no peito;
  • vômito constante;
  • queimaduras;
  • tentativa de suicídio.

 

 

Sobre o equipamento de raio-x, a pasta disse que o equipamento "teve que passar por um processo de reposição de uma peça pertencente ao aparelho, e a secretaria aguarda retorno da empresa responsável pela substituição".

"Os pacientes que necessitam do exame de radiografia são direcionados para a realização do procedimento em outros serviços de saúde do município, não ocorrendo prejuízos ao acolhimento dos usuários", completou a nota.

 

Veja relatos de pacientes

 

A dona de Ana Lúcia da Silva ficou das 10h às 16h para conseguir ser atendida. "Está muito lotado, demorei bastante pra ser atendida", disse.

 

"Só tinha uma enfermeira pra atender a todo mundo e fazer curativos na outra sala, então demorou bastante", reforçou a também dona de casa Ana Carolina da Silva.

 

O idoso José Sabino chegou às 9h e até 15h ainda não havia concluído o atendimento - ele aguardava retorno à sala do médico.

 

"A gente chega lá dentro e dizem: 'espere mais meia hora, espere mais 40 minutos'. E aqui a gente sofrendo, ele debilitado, sem comer, não tem uma cadeira pra se sentar, não tem um conforto pra nada", disse Lucimar Gomes, que acompanhava José Sabino.

 

Já a dona de casa Germínia Bezerra estava com um irmão, de 26 anos de idade, com microcefalia, internado há mais de 24 horas na unidade. Eles precisaram ir para o corredor.

 

 

"Estou desde ontem com meu irmão em convulsão, sem parar, 24 horas. Ele estava na sala de estabilidade e tiraram ele de lá pra colocar um mais urgente do que ele. E colocaram no meio do corredor, com muita gente, está superlotado", disse.

 

Segundo a direção, a demora no atendimento nesta segunda-feira foi devido à falta de proifissionais no quadro da unidade.

A artesã Sandra Carla Garcia disse ainda que alguns exames não estão sendo realizados.

 

"Há tempos que o raio-x está quebrado. Desde janeiro que eu venho pra cá. No dia que eu fui pro Santa Catarina é que bateu um raio-x lá. Foi aí que descobriu que minha mãe tinha DPOC [Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica]", disse.
 

UPA Potengi, na Zona Norte de Natal — Foto: Brunno Rocha/Inter TV Cabugi

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