11 de abril de 2025
FAKE NEWS: Pipoqueiro e sorveteiro não estavam trabalhando quando foram presos em frente ao QG do Exército
Autor: Daniel Menezes
Do Estadão - Conteúdo analisado: Post sobre condenação de pipoqueiro e vendedor de sorvete que participaram do ato golpista de 8 de janeiro. Na legenda, o autor escreve: “Pipoca e sorvete são armas de golpe? Para o STF, dois trabalhadores com seus equipamentos de venda são considerados golpistas. Além deles, outras três pessoas foram condenadas nesta sexta-feira. Esse manicômio judicial precisa acabar. Alexandre de Moraes e seus capangas precisam pagar pela crueldade contra o povo”.
Onde foi publicado: X e Instagram.
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Contextualizando: Estão circulando nas redes sociais posts questionando se “pipoca e sorvete são armas de golpe”. Essas publicações se referem a dois homens que foram condenados por atos golpistas e citados por Jair Bolsonaro, no domingo, 6, em São Paulo, em ato pró-anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro.
“Olhe só o que está acontecendo no Supremo no dia de hoje. Eles já têm maioria para condenar um pipoqueiro e um sorveteiro por golpe de Estado. É inacreditável o que acontece”, afirmou Bolsonaro, que, em seguida, falou sobre o caso em inglês.
O sorveteiro e o pipoqueiro são, respectivamente, Otoniel Francisco da Cruz, de 45 anos, e Carlos Antônio Eifler, de 55. Eles foram condenados pelo STF, em 4 de abril, a um ano de reclusão por associação criminosa. A pena privativa de liberdade foi substituída pela restrição de direitos, e eles terão que prestar 225 horas de serviços à comunidade ou a entidades públicas e participar presencialmente do curso Democracia, Estado de Direito e Golpe de Estado, com 12 horas de duração, além do pagamento de multa. Eles não podem sair da comarca em que vivem nem usar redes sociais até o cumprimento total da pena.
A maioria dos ministros do STF seguiram o voto do relator, Alexandre de Moraes. Apenas Kassio Nunes Marques e André Mendonça pediram a absolvição.
Os dois condenados negam ter participado dos ataques na Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
Cruz, que mora em Porto Seguro, na Bahia, disse ter chegado a Brasília na noite de 8 de janeiro, quando os ataques na Praça dos Três Poderes já teriam ocorrido, e que ficou em um acampamento em frente ao quartel do Exército. Contou não ter pago o deslocamento nem a comida e a bebida que recebeu no acampamento. E que não sabia quem havia pago pela viagem.
Eifler vive em Lajeado, no Rio Grande do Sul. À Justiça, contou ter ido à capital federal ao ser convidado para participar de um “abraço simbólico” na Esplanada dos Ministérios. Disse ainda que houve problemas no trajeto, fazendo com que ele só chegasse ao destino à tarde e se dirigisse diretamente ao acampamento em frente ao QG do Exército.
O “sorveteiro” e o “pipoqueiro” foram presos em 9 de janeiro, no acampamento. Diferentemente do que afirma um dos posts virais, eles não estavam trabalhando – nem vendendo sorvete nem pipoca. Segundo a Procuradoria-Geral da República, que denunciou os dois, mesmo que eles possam não ter participado dos atos de vandalismo, “o acampamento passou a se constituir como ponto de encontro para uma associação estável e permanente, que ali se estabeleceu e permaneceu inclusive durante a prática dos atos de vandalismo e protestos antidemocráticos consumados no dia 8 de janeiro de 2023, com a invasão das sedes dos Três Poderes”.
Posts afirmando que eles teriam sido condenados porque estariam apenas trabalhando são mais um dos conteúdos que circulam causando desinformação sobre as penas. Recentemente, o Comprova mostrou que a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos não foi condenada “só” por ter escrito “perdeu mané” em uma escultura na Praça dos Três Poderes, como tem sido espalhado em publicações nas redes sociais. Ela foi condenada por cinco crimes (abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa armada).
Fontes consultadas: Sites do STF e do JusBrasil e reportagens sobre o caso.
Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Para se aprofundar mais: A condenação dos réus envolvidos nos atos golpistas tem gerado muita desinformação nas redes sociais. Além de ter contextualizado o caso da cabeleireira que pichou estátua, o Comprova já mostrou ser enganoso um post que afirma que Moraes atropelou a competência do Superior Tribunal Militar ao decidir que cabe ao STF julgar os militares e explicou história de advogado impedido de entrar em julgamento do STF.
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