VISÃO AUTORITÁRIA: Para a extrema direita de Natal, Natália não pode ir à praia de Ponta Negra por ser crítica da obra da engorda

Autor: Daniel Menezes

Após a deputada federal Natália Bonavides ir à praia de ponta negra durante o feriado para andar de caiaque, uma análise (sic) cognitivamente pouco sofisticada e politicamente autoritária tomou conta dos blogs de extrema direita de Natal. Ela estaria errada ao usufruir da orla porque fez críticas a obra da engorda. Ou em outra variação que circulou de maneira concomitante nos mesmos espaços - desenvolver atividades de lazer em ponta negra seria sinônimo pela parlamentar de aprovar o modo como o aterro hidráulico foi implementado.

Ora, quer dizer que uma pessoa só pode ir a locais em que aprova, tanto o modo como ele gerido, como o gestor que fez alguma intervenção sobre a área? Trata-se de argumentação infantil.

Por essa ótica, os extremistas de direita não deveriam mandar seus filhos para a UFRN ou IFRN, universidades que triplicaram de tamanho com as gestões de esquerda.

A partir de agora, estariam também expressamente proibidos de viajar pela Br-101, via duplicada por Lula. E, se assim o fizerem, é porque aprovam o governo petista.

Nada de ir à Pipa, já que a via de acesso foi recuperada por Fátima.

Ou até mesmo visitar a praia de ponta negra em que o engordamento se deu, majoritariamente, com recursos federais enviados pela gestão de Lula, já que o então ministro do desenvolvimento regional, Rogério Marinho, sustou a remessa de verbas para a intervenção, de acordo com o ex-prefeito de Natal Álvaro Dias.

Por esse olhar absurdo que confunde o direito à cidadania, à cidade e aos serviços públicos a ter de abaixar a cabeça a quem quer que seja, os ditos cujos, após um simples banho, devem então emitir agradecimentos ao governo estadual.

Pode não parecer para alguns, mas a cidade não tem dono e qualquer um, sendo parlamentar ou não, pode (deve) participar do debate público a respeito dela. E os direitos de quem quer que seja continuarão preservados. Assim caminha uma sociedade aberta e democrática. É imprescindível lembrar que, apesar do saudosismo, o tempo do "Brasil, ame-o ou deixe-o" já passou. E ainda que o ex-presidente Jair Bolsonaro tenha tentado, este passado recente da história brasileira não retornará mais.

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