UMA FERIDA DIFÍCIL DE CICATRIZAR
Não consigo deixar de me impressionar com o submundo do bolsonarismo. Fico vendo as correntes, as agências de checagem, que passam o dia desmentindo notícias falsas advindas do bolsonarismo, e os fios que se formam entre aqueles que defendem Bolsonaro nas redes sociais. Trata-se de um espaço de baixaria generalizada e completa ausência de empatia, alicerçada na satanização dos opositores.
É de deixar qualquer um estupefato, por exemplo, o processo de fritura, de compartilhamento de mentiras e narrativas conspiratórias contra o presidente da OAB e seu pai. Eu achava que estava acostumado com isso, que já tinha visto de tudo nesse meio, que tinha frieza para enxergar essas coisas, mas é demais.
O Brasil – ou ao menos parte dele – se encontra doente e vive num mundo paralelo em que a realidade virou detalhe inconveniente.
Claro, há robôs em profusão. Não é difícil identificá-los: são contas recém criadas, com fotos turvas e interação sem vida. Mas há sim gente real, defendendo perseguição, censura, tortura e morte.
Fala-se em custo institucional, econômico, mas tenho uma curiosidade: qual será o valor a ser pago pelos próximos anos pela capilarização social desse radicalismo? Mesmo que Jair Bolsonaro saia do governo amanhã, o que não ocorrerá, suponho de modo pessimista que passaremos anos até conseguirmos superar os sentimentos negativos perpetrados pelo movimento que ele lidera. Será como uma ferida difícil de cicatrizar.