25 de outubro de 2022

Cheiro de armação: equipe de Tarcísio mandou cinegrafista apagar vídeo de tiroteio em Paraisópolis

Autor: Redação

Do Yahoo Notícias – Um integrante da equipe de campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, mandou um cinegrafista da Jovem Pan excluir imagens da troca de tiros ocorrida durante uma atividade política no último dia 17, em Paraisópolis, na capital paulista. Na ocasião, um suspeito foi morto.

O profissional da emissora enviou um áudio para o jornal Folha de S. Paulo com a ordem. O tiroteio começou quando o ex-ministro da Infraestrutura estava na sede de um projeto social.

Após o ocorrido, profissionais de imprensa foram levados por uma van da campanha até um prédio utilizado por Tarcísio. Lá, o cinegrafista foi questionado sobre as imagens captadas e recebeu ordem para apagar o conteúdo.

“Você filmou os policiais atirando?”, questiona um integrante da campanha. “Não, trocando tiro efetivamente, não. Tenho tiro da PM pra cima dos caras”, responde o cinegrafista.

Na sequência, a mesma pessoa questiona se o profissional filmou as pessoas que estavam no local e ordena que ele apague o vídeo.

Segundo o veículo, as imagens já haviam sido enviadas a Jovem Pan. Procurada, a emissora de rádio disse ter exibido todo o conteúdo obtido durante o tiroteio.

Questionada pelo jornal, a equipe de campanha de Tarcísio disse que a ordem é para evitar que pessoas que estavam no local fossem expostas.

Na época, o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição e apoiador de Tarcísio, chegou a usar o episódio politicamente, apontando que o ex-ministro teria sido alvo de criminosos. Contudo, o próprio Tarcísio disse que o ato tinha a ver com questão territorial.

Os relatos apontam que os policiais foram alvos de tiros após dois homens terem passado de moto e questionado quem teria autorizado o evento na região.

A resistência policial teria ocorrido por agentes à paisana, que posteriormente receberam reforços. O homem morto teria sido atingido por um desses policiais à paisana. Com a vítima, não foi encontrada nenhuma arma.

O policial suspeito de ter atirado contra o suspeito passou por um treinamento na Escola de Inteligência da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Contudo, ele estaria de licença do órgão.

Na Jovem Pan, Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse que as informações sobre um possível atentado foram repassadas por intermédio da Abin.

Heleno também informou que a segurança do candidato é feita pelo estado de São Paulo.

O adversário do ex-ministro, Fernando Haddad (PT) disse em sabatina na rádio CBN, na segunda-feira (24), que não tem segurança armada feita por policiais e que isso não teria sido oferecido a ele.

O candidato petista também questionou o paradeiro das imagens do episódio, apontando que a PM de SP utiliza câmeras nos uniformes.

Após o episódio, o atual governador do São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), terceiro colocado no primeiro turno das eleições no estado, disse que ofereceu reforço de segurança aos dois candidatos que chegaram ao segundo turno.