9 de fevereiro de 2023
Mais um estudo global publicado na Nature mostra que a ivermectina é ineficaz contra Covid; Natal e o crime que entrou para a sua história
Autor: RedaçãoNão é uma novidade. Já vários outros estudos saíram falando a respeito da ineficácia da ivermectina contra covid. Este trabalho é apenas mais um entre tantos outros (veja a publicação do UOL após o meu comentário). Mas vale sempre publicar para que a gente não esqueça que políticos inescrupulosos jogaram a população na rua com falsas promessas de proteção, para forçar uma normalidade inexistente. Quem acreditou correu mais riscos de adoecimento e vir à óbito.
Natal: um crime para a história da cidade
Em Natal, médicos notoriamente incapazes de entender o que é uma evidência científica afiançaram uma inexistente normalidade em plena pandemia a partir do uso de um remédio sem qualquer comprovação contra uma doença mortal. Os estudos de comportamento são fartos: quem acreditou teve mais chances de adoecer e morrer do que quem se resguardou, mantendo o recomendado distanciamento. E os enganados são os que hoje mais resistem às vacinas.
O prefeito de Natal Álvaro Dias, com o seu comitê (nada) científico, juntamente com a Associação Médica do RN e o Conselho Regional de Medicina, emitiram diversos comunicados, foram às rádios e aos jornais espalhar a falsa boa nova. Usavam palavras bonitas para engabelar a população. “Façam a quimioprofilaxia e tomem a ivermectina direito. Se protejam”. Até receita era transmitida em público, quebrando toda a ética médica.
Parte da imprensa embarcou, ignorando o que era dito pelas agências sanitárias do Brasil e do mundo. Falsos sites científicos, amplamente denunciados pela imprensa nacional e por pesquisadores, chegaram até a ser publicizados como comprovações acadêmicas, tais como o c19study e o ivmeta.com. Pesquisadores infectologistas renomados do estado foram sumidos da mídia, alguns até desqualificados como “contra a vida, coronalovers, favoráveis ao vírus” e em seu lugar posicionados médicos mitômanos ignorantes em ciência – guarde sempre o ditado: médico não é cientista – agora alçados a condição de estrelas.
Se aproveitaram do desespero de uma população amedrontada para ganhar dinheiro, por um lado, e para despejar remédio para verme de graça, quando uma caixa chegou a ser vendida a 100 reais, como uma grande benfeitoria em período eleitoral. Foi a (mentirosa) sensação de proteção em troca de voto.
O resultado fica para a história da cidade em vidas – Natal figura acima da média de mortes pelo coronavírus em âmbito nacional e estadual. E os culpados seguem por aí, de boa. Afinal, como disse o totalitarista soviético Joseph Stalin, a morte de uma pessoa é uma tragédia; a de milhares, apenas uma estatística.
Do Uol – Um estudo global publicado na prestigiada revista científica Nature, que ouviu pessoas de 23 países, entre eles o Brasil, mostrou que a ivermectina, ineficaz e contraindicada para o tratamento da covid-19, foi tomada por 79,5% dos participantes brasileiros que tiveram a doença.
O levantamento foi conduzido pelo Instituto Global de Saúde de Barcelona (ISGlobal) e ouviu 1 mil participantes de cada um dos países que fizeram parte da amostra.